História da Baixada Fluminense pode ser acessada em plataforma digital

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AGÊNCIA BRASIL / EBC

O Repositório do Instituto Multidisciplinar e Acervos (Rima), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), começou a disponibilizar documentos históricos da Baixada Fluminense em plataforma digital. O trabalho de digitalização vem sendo feito pelo Centro de Documentação e Imagem (Cedim) do instituto desde 2008.

“À medida que vão sendo digitalizados, os documentos são colocados no repositório e ficam à disposição dos pesquisadores”, disse o coordenador do Cedim, Álvaro Pereira do Nascimento.

Já estão disponíveis, por exemplo, algumas edições dos jornais Cadernos do Terceiro Mundo e do Correio da Lavoura, que completou 100 anos, além de livros de cartórios do século 19 e partes do acervo da Cúria Diocesana de Nova Iguaçu, com arquivos sobre a história do ex-arcebispo do município dom Adriano Hypólito, importante personagem da resistência à ditadura militar e de defesa dos direitos humanos. O coordenador do Cedim estimou que em um ano ou dois o trabalho sobre o ex-arcebispo deverá ser concluído.

Fotos do sequestro de dom Adriano, ocorrido em setembro de 1976, e jornais da época já podem ser acessados. O então arcebispo de Nova Iguaçu foi espancado e abandonado nu, com o corpo pintado de vermelho, em um matagal em Jacarepaguá, na zona oeste da capital fluminense. Seu carro foi destruído em uma explosão, no bairro da Glória, zona sul do Rio de Janeiro.

Álvaro Pereira do Nascimento confirmou que a disponibilização online desse acervo permite a realização de pesquisas a partir de fontes consideradas até então inéditas ou de difícil acesso.

História

A UFRRJ chegou a Nova Iguaçu há 11 anos. “Nós percebemos que havia um preconceito dentro da cidade do Rio em relação à Baixada, por ignorar a realidade social, econômica, política e histórica da região. Um dos papéis da UFRRJ foi mostrar a relevância da região”. Como resultado dessa constatação, a universidade decidiu criar um espaço em que pudesse reunir “a maior quantidade e diversidade possível de fontes” e com acesso para todos, de forma transparente e rápida.

“Queremos que, com esse processo de digitalização, qualquer pesquisador, de qualquer parte do mundo, possa escrever um artigo em qualquer área sobre a Baixada Fluminense”, disse Nascimento. Ele destacou a importância do acervo também para o cidadão comum, que desconhece a história local. Lançado em 2018, o Repositório do Instituto Multidisciplinar e Acervos (Rima) visa à democratização de informações, dados e fontes sobre a região, acrescentou.

O Cedim está mantendo contatos com a Duke University, dos Estados Unidos, sobre a realização de convênios bilaterais e a continuidade de intercâmbio entre alunos e professores daquela instituição e da UFRRJ, com o objetivo de melhorar e consolidar o Rima. A ideia, disse o coordenador do Cedim, é ampliar as atividades do Rima, com troca de tecnologias. Ele explicou que tudo está sendo feito no Brasil, com especialistas na área, sem nenhum apoio internacional. Os recursos são da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Os primeiros passos para criação do Rima foram dados pelo consultor técnico do repositório, Ricardo Campos, e pelo pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da universidade, Alexandre Fortes, lembrou o coordenador do Cedim. O Rima utiliza o software (programa de computador) aberto DSpace, que é adotado em repositórios de diversas instituições e se integra a uma rede internacional que permite a troca de informações entre as bases de dados, informou a assessoria de imprensa da UFRRJ.

Nascimento disse ainda que a ideia é que a partir de metadados (dados sobre outros dados) na página dos documentos digitalizados, os pesquisadores possam acessar as informações contidas no repositório, de modo a ajudar no processo de “achar uma agulha no palheiro”. Com o auxílio de palavras-chave, os documentos ficarão mais fáceis de serem acessados, comentou.

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