Exposição no Complexo Cultural de Nova Iguaçu vai até 28 de setembro
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Tigelas, pratos, bule de chá, louça inglesa, caldeirão de ferro, moedores de café, jarra, castiçal, rabeca, barril de cachaça, oratório de jacarandá. Esses são alguns dos objetos utilizados ao longo de 300 anos de existência da localidade de Nossa Senhora da Piedade de Iguaçu, que deu origem ao município de Nova Iguaçu, e que estão expostos no Complexo de Cultura / Casa de Cultura Ney Alberto. A exposição “Olhares sobre os Lares – A vida doméstica na “velha” Iguassú – Séculos XVII, XVIII e XIX” foi aberta nesta segunda-feira (24). São mais de 200 utensílios e mobiliários reunidos, que ficarão expostos até o dia 28 de setembro.
“Estamos mostrando como as pessoas mais abastadas viviam dentro de seus lares e como os negros escravizados viviam nas senzalas. A proposta é resgatar um pouco da história destas pessoas, como passavam o dia a dia, como cozinhavam, se amavam, dormiam, ou seja, seu cotidiano. Todo material é autêntico e também mostramos fragmentos arqueológicos encontrados na Vila de Iguassú. É uma viagem ao tempo independente da classe social”, explica o secretário municipal de Cultura, Marcus Monteiro. Cerca de 200 pessoas participaram da abertura da exposição, na noite de segunda-feira.
A mostra oferece aos visitantes um acervo de objetos que remontam ao período entre os anos de 1600 (século XVII) e 1891, ano em que a sede da Vila de Iguassú foi transferida para o Arraial de Maxambomba, na freguesia de Santo Antonio de Jacutinga. A Vila de Iguassú foi originária da localidade de Nossa Senhora da Piedade de Iguaçu, que em 1755 foi elevada à categoria de freguesia.
Entre os utensílios expostos estão faianças portuguesas do século XVII, porcelanas chinesas dos séculos XVI e XVII (Dinastia Ming), louça inglesa de inspiração chinesa, padrão ‘willow’, conhecido no Brasil como ‘Pombinhos’, mesa de jacarandá, no período de D.Maria I (c.1800), objeto de estanho, como galheteiros do século XVIII, garrafas de vidro, castiçal, tocheiro e palmatória. Quem for à exposição ainda poderá encontrar objetos de madeira antigos, como gamela, pilão, descaroçador de algodão, roça de fiar, rabeca, baú de viagem, entre outros. Já em relação aos objetos de senzala, dos séculos XVII, XVIII e XIX, estão o tronco, argola, gargalheira de parede, bota, viramundo, algema e libambos, entre outros.
Também há um álbum de fotografias do século XIX, com fotos do Comendador Bernardino José de Souza e Mello, construtor da Fazenda São Bernardino, na Vila de Iguassú, e sua esposa Cypriana Maria Soares de Mello, filha do Comendador Francisco José Soares, ambas de autoria do fotógrafo da Casa Imperial, Insley Pacheco, ativo no Rio de Janeiro a partir de 1854.
Para a dona de casa Geraldina Magela, de 92 anos, a exposição é uma verdadeira viagem ao tempo. “Fiquei encantada com as louças antigas. Lembrei um pouco da minha infância. Sou cearense, mas moro em Nova Iguaçu há 43 anos. Peguei amor por esta cidade e é importante conhecer essa outra época, de como as pessoas viviam”, disse ela.
Já a professora Marilene da Fonseca, de 56 anos, se emocionou com os castiçais expostos. Ela saiu de Mesquita para acompanhar a mostra na Casa de Cultura e disse que pretende ajudar a enriquecer ainda mais a exposição. “Tenho dois castiçais e vou trazer para a Casa da Cultura. Se quiserem expor eu empresto”, brincou Marilene.
Alice Aparecida da Silva, de 13 anos, trocou o uso constante do celular pela visita à exposição e não se arrependeu. A jovem, que veio com os pais e uma irmã de dois anos, disse que não imaginava como era o cotidiano dos moradores da ‘Velha’ Iguassú. “Moramos perto, conhecemos a Fazenda São Bernardino, mas não sabia como era a vida destas pessoas. Essa exposição me fez pegar mais gosto pela história. Valeu a pena deixar o celular de lado”, contou a adolescente.
Participara do evento de abertura da exposição o vice-prefeito de Nova Iguaçu Carlos Ferreira, o Ferreirinha, o secretário municipal de Meio Ambiente, Agricultura, Desenvolvimento Econômico e Turismo, Fernando Cid, o presidente da Fundação Educacional e Cultural de Nova Iguaçu, Miguel Ribeiro, o procurador-geral do município, Rafael Alves, e o conselheiro da Agência Reguladora de Transporte do Estado do Rio, Vicente Loureiro, entre outros.
O Complexo de Cultura / Casa de Cultura Ney Alberto fica na rua Getúlio Vargas, nº 51, no Centro de Nova Iguaçu e funciona de terça-feira a domingo, das 10h às 20h. Segundo o secretário municipal de Cultura, Marcus Monteiro, mais duas exposições serão realizadas na cidade em breve. “Vamos ter uma exposição coletiva de artistas iguaçuanos e depois sobre ‘Nova Iguaçu no Tempo dos Laranjais’, para contar um pouco da história da laranja no município”, explicou o secretário.