No Dia do Escritor, autores de Queimados celebram valorização da literatura na Baixada Fluminense

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Diz o ditado popular que todo ser humano deve “plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro” para que sua vida valha realmente a pena. Autores que vêm conquistando notoriedade na cidade de Queimados, na Baixada Fluminense, Verônica Cunha (42), Nilson Henrique (45) e Perla de Castro (27) já garantiram o cumprimento da terceira meta da afirmativa e, neste 25 de julho, Dia do Escritor – data instituída pela União Brasileira de Escritores em 1960 -, têm muito que comemorar.

Graças a eventos realizados pela Prefeitura de Queimados, como saraus, festivais de arte e leitura e parcerias junto a órgãos como a Associação Brasileira do Livro (ABL) – que realiza Feiras Literárias periódicas em espaços públicos como a Praça Nossa Senhora da Conceição -, a arte literária tem sido cada vez mais difundida e valorizada na cidade. Tanto que o próximo concurso da educação municipal terá, entre as referências de sua bibliografia, um autor de raízes queimadenses.

Responsável pelo título “Queimados – Imagens de uma Cidade em Construção”, obra que reúne em raras fotografias a trajetória do município desde o período colonial até a emancipação, o historiador Nilson Henrique conta que recebeu a notícia com muita alegria.

“Isso, sem dúvidas, marca a tomada de consciência da gestão pública de nossa cidade, mais especificamente daqueles que pensam a gestão da educação, sobre a importância de se valorizar a história do nosso povo como estratégia de desenvolvimento. A equipe da Secretária Municipal de Educação vem desenvolvendo diversos projetos em prol do nosso patrimônio histórico e cultural. Pois, para que uma escola cumpra o seu papel na criação da identidade de nossas crianças, é preciso que os professores conheçam minimamente a trajetória do município em que irão trabalhar”, afirmou o autor, que mora no bairro Pacaembu.

Apesar de não ter planejado se tornar um escritor, Nilson afirma que um forte ‘sentimento de pertencimento o impulsionou a buscar mais detalhes sobre a história da cidade onde vive desde criança e o ajudou a vencer as dificuldades do mercado editorial brasileiro para publicar sua pesquisa em forma de imagens.

“Ser professor, pesquisador ou escritor no Brasil é, sem dúvidas, um ato de coragem, persistência, e, antes de tudo, comprometimento com aquilo que abraçou. Nunca imaginei que fosse escrever um livro ou me tornar um historiador da minha cidade. Mas, o sentimento de pertencimento, essa coisa que nos dá um lugar no mundo, sempre esteve ali, presente dentro de mim. É esse sentimento que me inspira, que me motiva e me impulsiona a seguir em frente.O interessante é que à medida que eu vou dando seguimento às pesquisas e ampliando meus conhecimentos sobre a nossa história, minhas raízes vão se tornando cada vez mais profundas. Afinal, amamos aquilo que conhecemos, não é verdade? (risos)”, declarou o escritor.

Defensoras da poesia

Outra queimadense que escolheu trilhar o caminho da palavra escrita como forma de expressar o que sente é Verônica Cunha (42). Autora do livro de poesias ‘Coração em Palavras’, publicado em março deste ano, a moradora do bairro Belmonte e educadora da rede municipal de ensino conta que a paixão pelos livros surgiu ainda na infância, graças a uma de suas professoras.

“Sempre escrevi despretensiosamente. Eu estava na antiga 4ª Série (atual 5º ano) e lembro que uma professora me ‘descobriu’ e disse ‘você escreve muito bem, deveria apostar nisso’. Eu era muito introvertida e isso me ajudou a expressar minhas alegrias, tristezas, minhas buscas por respostas. Fui criando então minha trajetória no mundo acadêmico durante a graduação e o mestrado, mas me encontrei mesmo no mundo literário”, conta a escritora, que já tem mais uma obra saindo do forno: ‘Pirulito: Crônica para Professores e Admiradores’, com previsão de lançamento para 3 de setembro.

Para Verônica, que também é pedagoga, a arte literária é, também, uma ferramenta na busca pela justiça social. “É compreender o mundo. Para quem precisa comer, vestir, sobreviver, ler é um luxo. Precisamos entender que ler é para todos, pois se não há quem lê, não há motivo para escrever”, conclui a escritora.

Dona de sua própria editora, Perla de Castro (27) também foi influenciada por uma docente. Sua mãe era professora e, de tanto ler histórias para a filha, a inspirou a escrevê-las. A jovem planeja sua quarta publicação: além de ‘Estesia’, ‘Breu’ e ‘A vampirinha escritora’, vem aí ‘Pelas ruas que andei’.

“Comecei a escrever aos 11 anos graças às leituras que minha mãe fazia para mim. Tenho algumas publicações, mas meu carinho maior é pelo próximo livro, que espero lançar ainda este ano. São poesias, contos, crônicas e ensaios que levarão o leitor pela magia das surpresas que a vida nos prega. Espero conseguir traduzir em palavras todos os sentimentos, conflitos e alegrias que tenho vivido e que jamais imaginei que viveria”, afirma a moradora do bairro Ponte Preta, que já recebeu honrarias como o Prêmio Literário Melhores do ano 2018 e 2019 da Associação Internacional de Escritores.

Ciente das adversidades que um escritor de primeira viagem pode encontrar, Perla faz questão de deixar um recado de incentivo aos que sonham em ver suas histórias em páginas de livros. "É um caminho difícil,porém não é impossível publicar/escrever livros, uma vez que hoje temos uma gama de possibilidades que só dependem de nós. As plataformas gratuitas de publicação digital são exemplos disso. Elas possibilitam ao escritor ser independente, produzir desde a escrita e edição até o lançamento em meio digital ou modo físico. É só criar coragem para tirar os escritos da gaveta e ser mais forte que a vontade de desistir do caminho. Não adianta esperar o país mudar, devemos nós provocar as mudanças que queremos ver” concluiu a autora.

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