“Não poder ir pra lá é como não poder voltar pra casa!”

Com as atividades presenciais suspensas por conta da pandemia, alunos do Circo Escola Benjamin de Oliveira, em São João de Meriti, relatam a importância da arte em suas rotinas

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Quem passa na Venda Velha, em São João de Meriti, não deixa de notar a enorme tenda montada no Parque de Exposições. É lá que funciona desde 2013 o Circo Escola Benjamin de Oliveira, projeto da ONG ‘Se Essa Rua Fosse Minha’ que promove oficinas de circo a jovens da região – sempre movimentada, um cenário cheio de diversão, aprendizado e troca.

Desde o início do isolamento social, a realidade tem sido diferente. A lona, agora vazia, dá lugar a um novo espaço para as atividades: a tela do celular. A equipe tem gravado vídeos estimulando os alunos a se movimentarem em casa, selecionou uma lista de filmes com temas que envolvem o projeto, além de dividir materiais sobre a importância da higienização correta das mãos e alimentos e há também outras ideias que estão se moldando a cada dia. 

A estudante Eduarda Ramos (‘Duda’), 18 anos, comenta como tem sido a rotina na quarentena sem as aulas presenciais de circo: “É uma mudança enorme quando você é acostumado a fazer circo/exercício físico de manhã e de tarde e de repente você tem que ficar em casa o dia inteiro”. Mas não só a rotina de exercícios mudou, a rotina do afeto também. “Não poder ir pra lá é como não poder voltar pra casa!” declara Hiago Taurino, 20 anos, que também participa do projeto. Duda completa: “Eu sinto falta de tudo lá, sinto falta do pessoal, dos abraços que nós podíamos dar e receber toda hora, mas principalmente eu sinto falta da energia daquele lugar, que é incrível.”

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A arte, para muitos, tem sido um espaço de refúgio durante a quarentena. As pessoas têm usado músicas, séries e filmes para distrair. “Eu treino bastante em casa o que dá pra treinar no espaço, tem me ajudado a relaxar e a não surtar”, comenta Hiago. A pedagoga da instituição, Érika Glória, explica a importância da cultura nestes tempos: “A cultura está se reinventando nesse momento. Precisamos entender que após o processo de pandemia, o normal não será como hoje vemos. E a cultura soube bem alcançar esse olhar desde início. O papel da cultura é fundamental para o estado emocional e intelectual das pessoas. Temos aí tantas alternativas e pluralidades para todos os gostos.”

Além de transferir todas as atividades para o virtual, a equipe de educadores ainda se propôs a ajudar quem precisa neste momento. Na ação “Quarentena sem fome Baixada” arrecadam alimentos e distribuem cestas básicas e kits de limpeza e higiene a famílias necessitadas. O que reforça outra característica comum dos coletivos culturais na Baixada Fluminense, que se organizaram para a ajudar famílias em vulnerabilidade ao redor de onde suas atividades ocorrem, como já foi notícia aqui no Site da Baixada.

Pensando no futuro, Eduarda destaca que pretende continuar com a prática circense: “Ela significa um futuro de experiências e vivências que eu quero demais na minha vida, conhecer o mundo com a minha arte, e viver dela”.

SERVIÇO
Circo Escola Benjamim de Oliveira
https://www.facebook.com/seessaruaong

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