Cria de Nilópolis retrata a pandemia na Baixada Fluminense
Mutano tem como base de sua arte a cultura urbana
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Por Samuel Souza
Rafael Acioly, o Mutano, é nascido e criado em Nilópolis. Ele cria narrativas visuais da Baixada Fluminense. Tem como base do seu trabalho a cultura urbana e um dos seus melhores amigos, o skate. Ele explica: “Eu desenho desde novinho. Desenhava algumas paradas com referência da Santa Cruz, uma marca de skate da California. Era tudo muito voltado pro skate, como é até hoje a minha maior base.”
Ele me chamou a atenção quando passando pela minha timeline do Facebook (alguém ainda usa essa rede?), vi a ilustração que abre essa matéria feita por ele. “Fiz essa ilustra com referência em uma foto que eu tirei no dia em que eu fui tentar resolver a questão do meu auxílio emergencial numa agência em Nilópolis. Olhei a cena e me veio logo a tona. É meio que um registro e retrato desse ano de 2020.” completa.
Um retrato mais que fiel da pandemia que tem nos assolado desde o começo de março. Os reflexos da Covid-19 na Baixada Fluminense são ainda maiores. De acordo com estudos da Fundação Perseu Abramo, a soma do frágil serviço de saúde, a baixa infraestrutura sanitária e a alta densidade demográfica contribuem para a região ser uma das mais vulneráveis ao vírus do país.
A alusão da agência bancária ao caixão na arte choca, mas é real. Semana passada, a Baixada Fluminense ultrapassou o Japão em números de óbitos e pelas novas medidas tomadas pelo governador do Rio de Janeiro, o número deve crescer nos próximos dias.
Rafael é um dos artistas que nos fazem acreditar em um futuro melhor pautado pela juventude. E claro que com sua arte, vem a crítica ao momento atual e a tudo que nos cerca. Conhecer e valorizar esses profissionais faz parte da mudança e deve ser feito todos os dias. Confira mais obras de Mutano e aproveite para segui-lo por aí:
Rafael Acioly (Mutano)
Foto: Esther S. Santos