Fotógrafa Raquel Ribeiro fala sobre revogação de sonhos na Baixada Fluminense
Cria do IFRJ de Belford Roxo, artista explora lugares inesperados para clicar ensaios e editoriais
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Por Thiago Kuerques
“Nunca vi nada tão grandioso na cidade”: conta Raquel Ribeiro, fotógrafa de 19 anos nascida e criada em Belford Roxo, sobre o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) localizado na sua cidade e do qual é ex-aluna.
Segundo Raquel, quem subestima o potencial do IFRJ Campus Belford Roxo certamente não conhece nada sobre os cursos, os impactos nas vidas de cada aluno e os docentes que trabalham ali. O Site da Baixada noticiou que a câmara dos vereadores do município, através da aprovação da lei nº 1.607, de 9 de junho de 2020, revogou a doação do terreno onde foi instalado o campus do IFRJ. O Instituto vai na contramão dos olhares que enxergam Belford Roxo como uma cidade violenta e apresenta alunos com vozes potentes, criativos e talentosos. Essa é a história de Raquel Ribeiro.
Em 2019 Raquel estudou no pré-vestibular Curso de Extensão Emancipar (projeto do IFRJ com a rede Emancipa) e formou-se no curso de Formação Inicial e Continuada em Fotografia no IFRJ. Em 2020 seria caloura do curso de Letras na UFRJ. A pandemia da Covid-19 alterou os planos da jovem que estava em segundo lugar na lista de espera na universidade que normalmente realiza nove chamadas por semestre. Por conta das circunstâncias foram realizadas somente duas chamadas. Mas há esperança, garante Raquel.
“A paixão tem sido a fotografia através da poesia das imagens e da liberdade de ressignificar o que a gente lê e vê”
Raquel afirma que fotografar é uma forma de contar história. Os trabalhos favoritos da fotógrafa foram em locais de aparência desfavorável ou ambientes considerados inadequados como ensaio de gestante na cozinha, outro em um quintal abandonado ou editorial de moda em transportes públicos como metrô, ônibus e trem. “Ter estudado no IFRJ Campus Belford Roxo, principalmente a disciplina Linguagem Fotográfica e Análise de Imagem, foi muito especial”, recorda.
Um exemplo de resultado deste estudo é o Editorial Vida em Trânsito, fotografado em transportes públicos, foi fotografado por Raquel Ribeiro e Luiz Felipe Ribeiro, além de ter sido produzido por Maria Luiza Cortês, dirigido por Viviana Lauriano e Karoline Alves da Silva – alunas do técnico em Produção de Moda.
A situação do IFRJ e o possível encerramento das atividades afeta toda a região. Raquel Ribeiro não se preocupa apenas pelo passado de estudante como também por possibilidades futuras. A fotógrafa afirmou o desejo de retornar ao IFRJ para frequentar o curso técnico em Produção de Moda por não haver outra instituição pública de ensino no Rio de Janeiro que ofereça esse curso. “Essa revogação coloca em jogo os sonhos de muitas pessoas”, reflete Raquel. Desta forma, é a revogação também de sonhos das pessoas.
Para que a educação seja um propulsor de desenvolvimento social, o IFRJ precisa seguir em funcionamento. Para que a cidade de Belford Roxo e diversos jovens e potenciais artistas da Baixada Fluminense continuem reverberando, estudantes criaram uma petição pra impedir que o IFRJ de Belford Roxo perca o terreno e pare as atividades. Para assinar é só clicar aqui.