A produtora cultural Claudina Olivêira e a revolução pessoal através do teatro

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A maior parcela da cena cultural da Baixada Fluminense já ouviu falar do Festival EncontrArte, um dos mais marcantes eventos de teatro do território Baixada Fluminense. Muitos artistas também conhecem o Prêmio Baixada organizado pelo Fórum Cultural da Baixada Fluminense. Outro evento de relevância foi o Miss Baixada. Entre todos eles há uma produtora resistente por trás disso tudo: Claudina Olivêira.

“A cultura da Baixada Fluminense é riquíssima, valiosíssima, só precisando de um toque de glamour. Porque aqui temos muitos talentos que se perpetuam de forma instintiva. Existe boa vontade, determinação e brilhantismo capazes de movimentar a economia criativa, mas nos perpetuamos invisíveis por falta de se adaptar aos novos modelos de negócios, por exemplo.”

Nascida em Niterói, Claudina ainda criança se estabeleceu em 1972 na Baixada Fluminense. Leitora voraz, costuma dizer que quando criança devorada qualquer tipo de leitura: livros escolares, textos de apoio da escola, crônicas, a coleção Para Gostar de Ler e até bulas de medicamentos e rótulos de produtos. O contato com a arte se expande para além da literatura. Foi com o desenho que Claudina ampliou a veia artística. Em 1979 foi realizado na escola em que estudou um concurso sobre a queda do satélite skylab. Claudina ganhou o segundo lugar.

Em 1998 Claudina Olivêira entrou para as artes cênicas com o curso livre de teatro no Sesc Nova Iguaçu. Em uma turma com 88 alunos, Claudina aprofundou nos conhecimentos sobre poetas como Bertold Brecht e realizou interpretações em peças como Poetradas, Exceção à Regra, do dramaturgo alemão, e Noite de Reis, de Shakespeare.

Claudina relata que se tornou produtora cultural “na marra”. Na ocasião da montagem da peça Noite de Reis, o grupo foi impedido de se apresentar no teatro do Sesc de Nova Iguaçu por mudanças na política de atendimento ao público na instituição. O grupo passou a se apresentar no Center Iguassú, no antigo cinema que se transformou em teatro, com sucesso de público. No mesmo período surgiu a Fios da Roca, atualmente Fios Cia. Teatral.
Em 2001 Claudina se envolveu com o Fórum Cultural da Baixada Fluminense.

“Foi de lá [do Fórum Cultural] que compreendi o valor histórico da região, as dissonâncias, as ambiguidades. Eu me identifico muito com a região, pois é um lugar riquíssimo, mas com pouco reconhecimento do seu potencial, então eu me sinto no dever de dar visibilidade para esse potencial.”

De acordo com Claudina, através do Fórum surgiram iniciativas como as comemorações do Dia da Baixada, em 30 de abril, o Prêmio Baixada e o Miss Baixada. Este último já em 2007, Claudina Olivêira contou com a parceria de Patrícia de Paula. Na mesma época Claudina fortalecia a própria Cia teatral.

“O Teatro mudou a minha vida. Sabe quando as pessoas dão testemunho de libertação? É isso que posso testemunhar sobre o teatro em minha vida. Me ajudou a rever conceitos, valores da vida. Eu me sentia completamente alienada e vítima do sistema e com os estudos e exercícios realmente me identifiquei como agente passivo e ativo na sociedade. Um ser que influi e é influenciado e podendo se transformar e transformar o mundo a minha volta.”

Claudina Olivêira relata que foi inspirada pela Federação de Teatro Associativo do Estado do Rio de Janeiro (FETAERJ) que surgiu a ideia de um festival na cidade de Nova Iguaçu que pudesse contar com grupos teatrais da região. A primeira edição do Festival EncontrArte foi realizada em 2002, segundo a produtora cultura, sem nenhum patrocínio.

Sobre a Baixada Fluminense e cultura heterogênea da região Claudina cita as influências dos poetas Sil e Moduan Matus e dos artistas plásticos Darío Silva e Deneir. É através das conexões e das inspirações que a produtora cultural diz pensar na Baixada como um lugar com oportunidades, mais sustentável. Claudina Olivêira pensa na Baixada Fluminense do futuro com mais escolas de formações artísticas, mais equipamentos adequados para apresentações, e igual reconhecimento do nosso valor dentro da economia criativa. Há o sonho de ações de políticas públicas como, por exemplo, o estabelecimento de uma cooperativa de reciclagem de lixo em cada cidade da Baixada.

“Acredito existir, antes da beleza o cuidado com nosso espaço, nossa casa; não existe fora e sim um todo, que precisa ser ressignificado a todo momento.”

No primeiro semestre de 2021 Claudina Olivêira publicou o livro “Escritas Iguaçuanas”. Através de um mapeamento da cena literária de Nova Iguaçu e a presença da voz feminina com a reunião de 70 escritoras da cidade que publicaram ou já foram publicadas em livros. O livro possui nomes como Lu Ain-Zaila, Hanny Saraiva, Charlene França, Eliane Gonçalves, Lírian Tabosa, Sil, Aline Corsais, Elisângela Medeiros, Ivone Landim, Thais Reis e Fani Pacheco.

A revolução pessoal de Claudina Olivêira é o retrato do grande sonho de interpretar um monólogo que fale de autoconhecimento. Já há a ideia, segundo Claudina, da parte cenográfica e coreográfica, onde o Circo, a Dança e o Teatro serão presenças marcantes. Claudina Olivêira é um dos grandes motores da revolução cultural serena e de longo prazo da Baixada Fluminense.

Foto: Silas Marques

SERVIÇO:
Site: http://www.encontrarte.com.br/
E-mail: claudinah.oliveira@gmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/CLAUDINAPRODUTORACULTURAL
“Escritas Iguaçuanas”: http://livrosbaixadafluminenserj.blogspot.com/2021/03/escritas-iguacuanas-esta-disponivel-em.html

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2 comentários

  1. Piccoli disse:

    Belíssima trajetória. Quem disse que sonhos não podem ser reais. Se há luta, se há resistência, se há amor ,o resultado vem. Hoje podemos ver claramente, como tudo valeu a pena. Eu admiro muito essa pessoa maravilhosa que é Claudinah Oliveira 👏👏👏🧡

  2. Georgeane Barbosa Lima disse:

    Claudina, seu trabalho é maravilhoso.
    Que venham muitos projetos. A valorização
    da Baixada e de seus artista é de extrema
    importância.

    Muita luz e inspiração

    Georgeane

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