O tiktoker Wesley Luz é um dos exemplos da valorização da Baixada Fluminense nas redes
Publicado em:
Por Thiago Kuerques
A geração X viveu os primeiros passos dos consoles como Atari e Mega Drive em um Brasil caminhando entre a ditadura e a redemocratização ao som dos grandes festivais. Os Millenials foram os últimos a viver em um mundo sem internet, absorvendo as transformações marcantes do mundo com o surgimento da internet, a aceleração da globalização e as relações sendo moldadas por novas tecnologias. A geração Z, de nascidos entre 1995 e 2010, é a que atualmente desenvolve e transforma diversas relações entre o homem e a tecnologia, principalmente em relação a dinâmica de “celular na mão”. Aliás, celular não: smartphone.
Uma geração teve a televisão. Outra teve a internet, o Orkut. A geração Z tem o TikTok. A rede social chinesa é o fenômeno mundial da vez. Segundo o portal Statista, a gigante chinesa conta com cerca de 1,23 bilhão de usuários ativos. Atrás apenas de Facebook e Youtube com 2,74 bilhões e 2,29 bilhões de usuários ativos, respectivamente. O fenômeno da rede social de vídeos curtos e edições fáceis e velozes também se fixou na Baixada Fluminense.
Wesley Luz, 20 anos, é de Duque de Caxias e faz sucesso com vídeos bem-humorados na plataforma. Segundo o jovem, o que o levou ao TikTok foi a vontade de fazer com que as pessoas sorrissem.
“A gente tava na quarentena e não tinha nada pra fazer. Aí comecei a fazer os vídeos engraçados, com o tempo foi viralizando e caiu no gosto da galera.”
Wesley revela que ganhar notoriedade na internet sendo da Baixada Fluminense, de Caxias, principalmente, é ótimo. Luz relata ter sofrido preconceito por conta da origem.
“Estava uma vez numa festa no Joá, na Barra da Tijuca, e o dono da festa perguntou se onde eu era. Quando falei que era da Baixada, de Caxias, ele me olhou de cara feia e saiu de perto. Parou de conversar, ou seja, já viraram a cara pra mim só pelo fato de eu ser de Duque de Caxias.”
O preconceito sofrido por quem é da Baixada Fluminense é antigo e ainda muito comum. Atravessa entrevistas de emprego, oportunidades de lazer e até as relações. É através da valorização da identidade que Wesley Luz produz vídeos para o TikTok. Segundo o jovem, é muito importante ocupar esse espaço porque na imagem de quem não conhece, Caxias é um lugar que tem muita chacina, roubo, violência.
“Na realidade, Caxias tem muita coisa boa, tem muitos artistas, muita gente talentosa. O problema é que poucas pessoas se interessam pelo lado bom de Duque de Caxias.”
Outros “tiktokers” da Baixada Fluminense estão ganhando notoriedade. Nomes como @jessykaarey, @soudaniellopes, @biabiasleers e @alyssonandradeee também ajudam na transformação da imagem do território Baixada Fluminense. Daniel Lopes, de Nilópolis, faz sucesso com vídeos bem-humorados utilizando a famosa comparação “raiz x Nutella”. Lopes, inclusive, faz shows de humor com os textos de mesma temática regionalista. Os vídeos de Lopes utilizam referências de bairros de cidades como Nilópolis, Nova Iguaçu, São João de Meriti e Caxias.
O jovem caxiense Wesley Luz é grato ao TikTok, mas sonha com voos mais altos.
“Sobre minha carreira eu planejo músicas e álbum. Inclusive para serem lançadas esse ano ainda. Na verdade, eu sou músico e vou me dedicar a isso. Já sobre a baixada em si eu espero que seja mais valorizada e que as mesmas oportunidades que a zona sul têm, as pessoas daqui também tenham.”
Após Wesley Luz, Daniel Lopes e tantos outros perfis da Baixada Fluminense a região poderá ter novos olhares.
Sobre as gerações, e os nascidos a partir de 2010? Como chegará a geração Alpha?
Foto: Lucas Mavinga
Serviço:
Wesley Luz
TikTok: @luz.wesley
Instagram: wesleyluzofc
Daniel Lopes
Tiktok: @soudaniellopes
Instagram: @soudaniellopes