Porque a vida não basta, Ricardo Rodrigues é escritor, poeta e cineasta.

Mais uma crônica rimada: O dia da Baixada!

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Fachada do Sambaqui do São Bento, Duque de Caxias. Foto: Raphael Guimarães.

Na crônica passada, talvez por ser uma novidade, variados leitores de todas as idades, elogiaram a minha crônica rimada. Confesso que desta vez, tentei fazer diferente, mas esse mês tem uma data potente e a crônica vai ser sim, toda rimada. Porque hoje é o Dia da Baixada!

Trinta de abril é uma data especial que surgiu de uma lei estadual em dois mil e dois, e que muito tempo depois, homenageia a nossa Baixada Fluminense, e há quem pense que não se faz necessário a criação desse dia. Pelo contrário, vamos imaginar que seja um aniversário e que tenha comemoração e harmonia!

Em mil oitocentos e cinquenta e quatro, nesse mesmo dia de abril, inaugurou-se de fato, a primeira estação de trem do Brasil! Irineu Evangelista de Souza, mais conhecido como Barão de Mauá, rascunhou seu sonho numa lousa e com todo o seu dinheiro, poder e fé, construiu a Estrada de ferro, ligando Mauá a Magé. Claro, que todo o esmero do poderoso Barão, não foi à toa. Por mais que ele pose na foto, lá na inauguração, como gente boa, seu interesse no trem ir até Magé seria para facilitar a entrega de toda a sua plantação de café! Entre outros fatores, como receber das embarcações vindas de toda parte do mundo, diversos produtos de altos valores. Agora, pare um segundo e pense: independente dos interesses do Barão, quanta evolução isso trouxe à nossa Baixada Fluminense!

A partir da construção da ferrovia vieram os avanços na região, na formação de novas moradias, para o êxodo que se iniciou a partir daquele dia. A agricultura, com ampla oportunidade para a exportação, moldou-se a uma outra estrutura, e elevou a nossa Baixada a um grande pólo de crescimento. Foi um ressurgimento e reaparecemos no mapa com toda a notoriedade depois daquela inauguração! O cenário virou e nosso território ganhou uma nova realidade para o estado inteiro, então capital da federação. O Rio de Janeiro, a terra do Barão, em cada trem, em cada vagão, carregou muitas riquezas e histórias da nossa região.

A estação está desativada desde mil novecentos e sessenta e dois (eu não queria rimar de novo, dois com depois, mas não tem jeito, não sou um poeta perfeito) e mesmo tanto tempo depois, há esperança na revitalização da estação, com o resgate dessas e muitas outras histórias, tornando-se um ponto turístico a ser explorado e enriquecido pelos detalhes da memória dos historiadores e os dissabores dos livros amarelados. E, obviamente que a internet será uma grande ferramenta para essa reconstrução, dependendo apenas, da força do cidadão e da vontade política (foi de propósito que não quis rimar nada com política).

Mas há outros resgates importantes a serem feitos na Baixada. Como a explosão do reggae e o cenário audiovisual por todo o país na década passada! As fazendas antigas, o vulcão, as cavernas, as cantigas, as tabernas, os saraus, a era do rádio, o futebol e seus estádios, o carnaval… E o Marinheiro João Candido, o novo herói nacional?

Ainda há muito o que se reconquistar! Mas hoje é um dia para se comemorar! E também de esperançar! Parabéns à Baixada e a cada um de nós que amamos o nosso lugar!

Opinião

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