Sobre ser um comunicador popular cobrindo o Rock in Rio
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Por Wesley Brasil
Faltou imprensa no Palco Favela, esse é o tweet. Sim, querido leitor, poderia resumir a crônica pós-festival desse jeito. Mas um evento tão gigantesco, com tantas histórias pra contar, merece mais do que um tweet – talvez até mais do que um fio.
Pela primeira vez o Site da Baixada foi credenciado para cobrir o Rock in Rio, graças a confiança do Samuel Souza que dividiu comigo a missão de enxergar o festival a partir daqui do território. Aparentemente éramos os únicos assumidamente da Baixada Fluminense, mas claramente havia muita gente aqui da região trabalhando na imprensa (e na assessoria do Festival). Alguns não são daqui, mas gostam daqui. Baixada é cruel, não é mesmo?
E com essa ‘crueldade’, que na verdade tem muito mais a ver com um amor bruto ou algo assim, desembarquei na Cidade do Rock. O tratamento foi o mesmo de qualquer grande veículo nacional – sem distinção. Recebemos até convite para o evento-teste, mas nem eu nem Samuel pudemos estar presentes.
Fomos (e voltamos) sem patrocínios de marcas, mas tivemos o apoio dos leitores. Aparentemente nós éramos a notícia, ou melhor, o fato de simplesmente estarmos no Rock in Rio credenciados já era uma notícia – e arrisco dizer que era uma vitória. Se o Site da Baixada, que em menos de dois meses celebra 16 anos, não conseguir isso, como a galera mais nova (e cheia de gás/talento) vai conseguir? Tínhamos uma missão muito importante a cumprir.
O Site da Baixada teve acesso irrestrito ao Espaço Favela, além de podermos circular sem problemas pelas áreas de staff e termos algum acesso ao backstage do Palco Sunset. Inclusive foi nesse espaço onde, mesmo tendo solicitado com antecedência, não tivemos acesso a Ludmilla. Aparentemente a assessoria da cantora não liberou a nossa entrada.
Justo a Ludmilla, representante maior da Baixada Fluminense no Festival, não recebeu o único veículo que também assume ser desse lugar presente ali.
Mas seguimos ‘numa nice’ com a cobertura e entendemos o Palco Favela como o nosso espaço, além de contar com a nossa rede direta. E através disso descobrimos dois artistas da Baixada Fluminense no Palco Mundo junto da Iza; conversamos com o Izrra que deve me dar entrevista em breve no canal ‘Outras Ideas’; assistimos o Bin de pertinho e o entrevistamos; estreitamos relações no Espaço Favela e conhecemos gente nova, como a Tatiane Silvestroni, que fez a foto de capa desta reportagem com o nosso equipamento.
Precisamos falar do Palco Favela
Haviam dezenas de profissionais de imprensa na Sala, mas parece que a maioria só olhou pro Sunset e o Mundo. Toda vez que eu chegava no Espaço Favela, contava no máximo 3 ou 4 veículos. Às vezes dois. Muitas vezes só nós por ali, de rolé, observando o que acontecia. Faltou interesse da imprensa em estar ali: e é onde nós, como comunicadores populares, podemos e devemos estar presentes.
Tive o prazer de rever amigos como o Jessé Andarilho e o Rene Silva. São pessoas importantes, que significam uma mensagem séria sobre o subúrbio. Mas torno a fazer a pergunta que fiz pro Rene Silva em 2017: O que falta pra gente ter outros Renes?
Se em 2017 ele me falou sobre a necessidade de haver mais espaços e usarmos esses espaços, hoje o cenário é outro. Temos até um palco no Rock in Rio, ele tá sendo usado, mas quantos Renes estavam lá? Há muito trabalho a fazer na cobertura do Espaço e do Palco Favela. E se fazem necessários diferentes olhares sobre ele – assim como o Palco Mundo e o Palco Sunset recebem.
Por aqui no Site da Baixada, o desejo é de ampliar a cobertura na próxima edição: desde atrair alguma marca que ajude a custear isso, até solicitar mais credenciais. Só fomos dois porque só pedimos pra dois – e fomos prontamente atendidos. Talvez a gente tenha esbarrado na coisa do ‘não pertencer’ e não botar fé que pudéssemos. Podíamos sim, e por isso preciso agradecer a assessoria do Festival ao nos receber tão bem.
O que a gente tem certeza absoluta, agora com provas, é que cobrir o Rock in Rio já não está fora da realidade do Site da Baixada. E dá pra gente contar muito mais histórias se formos com muito mais gente.
Um caminho foi aberto. Vamos seguir em frente?
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