Da Baixada Fluminense, espetáculo “Uma saga na quarentena” é indicado em duas categorias do Prêmio CBTIJ
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Uma família inteira de palhaços compõem a cia “Sol sem Dó”, da Baixada Fluminense, indicada ao prêmio CBTIJ (Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude) em duas categorias, ‘Melhor Atriz Protagonista’ e ‘Melhor Direção de produção’ pelo Espetáculo infantojuvenil “Uma saga na quarentena”, que, através da palhaçaria, aborda o período conturbado vivenciado durante a pandemia.
Realizada, a protagonista do espetáculo com a personagem Neca de Catibiriba e também diretora de produção, Letícia Lisboa, destaca o quanto a indicação é importante não só para ela, mas para o reconhecimento dos artistas de palhaçaria Baixada. “A gente faz um trabalho que é muito sólido em termos de pesquisa de linguagem, mas que não costuma estar muito nas premiações porque nós somos uma companhia familiar e da Baixada Fluminense. Apesar de atuarmos desde dois mil e dez, a gente nunca atuou com a pretensão de concorrer a prêmios”, ela reconhece. “Além de ser periférico, é um trabalho de palhaçada, então eu fiquei bastante feliz e surpresa. É uma indicação muito importante de reconhecimento do nosso trabalho, mas sobretudo sobre o trabalho dos artistas da Baixada Fluminense, dos artistas que têm pesquisado essa linguagem.
Com uma equipe formada por pessoas que possuem PCDs entre os familiares, além da diretora, Cris Muñoz, que é duplo-neuro divergente (autista e super dotada), a inclusão é a palavra de ordem para todo o grupo teatral. Promovendo autonomia, acessibilidade e a participação de pessoas diversas, a peça conquistou reconhecimento e foi indicada em duas categorias. Os jurados avaliaram 44 espetáculos habilitados a concorrer, entre os apresentados na cidade do Rio de Janeiro. Desde sua criação, este prêmio traz como inovação o fato de premiar todas as atividades profissionais de artistas e técnicos de espetáculos feitos para crianças, num total de 27 categorias.
Uma cia de palhaçaria familiar que sofreu os impactos da paralisação dos seus trabalhos mediante a quarentena ocasionada pela pandemia, tirou das experiências vividas no isolamento roteiro para a peça. “O projeto surgiu num momento super difícil da pandemia, especialmente porque a gente trabalha com circo e teatro, artes que foram paralisadas por conta do Covid-19 e a minha família inteira trabalha com isso. Portanto, a construção do espetáculo foi um pouco sobre rir desse processo de dores que a gente viveu, de se rever e ressignificar esse momento”, destaca.
Na saga, a personagem de Letícia Lisboa batalha para recuperar um pé de meia que cai pela janela do apartamento, atribuindo uma narrativa heróica à ação, à medida que a protagonista, envolvida no contexto de isolamento social, transforma este objeto em um grande tesouro pessoal. Ludicidade, humor e reflexão estão em cena por meio de atores circenses. “É um espetáculo de palhaçada, tem muito de circo e brincadeira. Um convite para olhar um momento recente tão delicado da nossa história e rir de nós mesmos, das nossas próprias tragédias. De forma respeitosa, leve e lúdica apresentamos alguns dilemas que vivemos durante o período de isolamento social até o momento mais atual de retomada cautelosa das atividades”, ressalta.
A festa de premiação será em meados de março de 2023. Na cerimônia de entrega dos troféus também acontece a festa do Dia Mundial do Teatro para a Infância e Juventude (20 de Março).