Vitor André é o retrato do talento e da ascensão da Baixada Fluminense para 2023

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O ano de 2023 se apresenta com atmosfera de transformações e esperança. Um personagem com algumas matérias no Site da Baixada reflete a energia que inicia o novo ano: Vitor André. Conhecido em 2020 como “Super Choque Carioca” quando ainda trabalhava em uma loja de calçados no Top Shopping, em Nova Iguaçu, Vitor hoje é uma personalidade influente nas plataformas digitais e no universo do skate.

Natural do Marco 2 (ou Alvorada), comentou ainda em 2020:
“Eu trabalho em loja, faço vídeos, nunca estive despreparado, e tu acha mesmo que a gente da Baixada não tá preparado pro sucesso? É de Nova Iguaçu para o mundo”

Em 2023, Vitor relembra a primeira entrevista, ainda no início da pandemia.

“Lembro daquela primeira entrevista (para o Site da Baixada) que eu falei que tinha coisas que eu tinha certeza de que iria acontecer, só estava esperando acontecer, tá ligado?”

Dos vídeos de humor sarcástico e sotaque da região do grande Rio falando sobre questões como a fragilidade da heterossexualidade branca, a invisibilidade periférica e questões raciais passou a narrar um dos maiores campeonatos de skate da América Latina. Sem se desprender das raízes, o jovem conta seguir um caminho de realizações para si e para os seus.

“É maneiro, gratificante, recompensador tu ver toda tua luta, tá ligado? E a parada dando certo, acontecendo. Porque eu conheço vários que lutaram bastante e não conseguiram. Não por merecimento, talvez só por não ter acontecido.”

Para Vitor, aa maior diferença de 2020 para 2023 é a questão financeira. Afirmando não desejar entrar em um clichê de que dinheiro seja a coisa mais importante do mundo, o iguaçuano diz que o que é realmente importante é que esteja possibilitando uma vida melhor para a mãe. A relação de mãe e filho é uma das características marcantes da população da Baixada Fluminense. Segundo dados do IBGE, no Brasil são 67 milhões de mães. Dessas, 31% são solteiras. Sendo a região da Baixada um retrato do Brasil, com mistura de povos, cores e culturas, é possível perceber o tamanho do valor que o jovem dá para o fato de poder retornar à mãe todo esforço que ela já realizou. Vitor realiza sonhos e pretende realizar outros mais.

“Realizo sonhos e inspiro outras pessoas a realizarem sonhos.”

Homem preto, militante e humorista. É dessa forma que ele se define. Sobre o fato de trabalhar também como humorista ele relata uma dificuldade de ser levado a sério. Mesmo assim, revela seguir com o otimismo e a leveza que o alçaram a voos mais altos. Conheceu o ator Lázaro Ramos, jogou no Maracanã ao lado de ídolos do Flamengo.

“Não me considero famoso, me considero conhecidinho.”

A frase retrata também a humildade. Estrela em ascensão, Vitor afirma perceber que há uma diferença de tratamento quando notam que ele é uma pessoa com alguma notoriedade. A diferença está na forma com que as pessoas lidam com um homem negro desconhecido e um homem negro conhecido. Mesmo assim, ele afirma que está longe de não ter contato com racismo.

A fama não adianta de nada. O racismo é sujo. Não adianta a escala social em que esteja, o quanto de dinheiro tenha, o quanto de respeito que tenha ou o que você já fez, o racismo não vê isso. É uma parada que não tem como explicar. O racismo sempre estará me rondando só de eu acordar e estar andando na rua.

Sobre a Baixada, Vitor não economiza no carinho. Conta, por exemplo, que sempre tenta estar com a camisa do Nova Iguaçu FC para levar o nome da cidade para outros lugares. A intenção é a de estar representando um pouco o povo da Baixada e que as pessoas de fora possam conhecer a região, conta.

“Minha relação com a Baixada tá cada vez melhor porque sempre foi o plano A ser reconhecido aqui.”

Vitor André se sente um comunicador para as pessoas que pouco são vistas. Ele afirma que fala com “a galera mais periférica, galera da Baixada, galera da favela porque sinto que às vezes as pessoas não querem falar com eles”. O relato não é genérico. A comunicação na Baixada Fluminense segue a regra de regiões periféricas: os principais meios de comunicação ainda oferecem pouco espaço e quando surge ainda é com poucas notícias positivas e uma relevância para uma abordagem negativa.

A revolução na comunicação é estampada nas ações de Vitor André. Saído de um bairro mais afastado do centro de Nova Iguaçu, passou a comunicar pela internet e se fez notado através do talento. É dessa forma que as periferias tem se destacado. Não são oferecidos espaços nas capitais e nas mídias centrais. As vozes tem sido fortalecidas em suas regiões pelas ações próprias de comunicadores como Vitor.

O jovem passou de uma promessa que dublava vídeos para trabalhar com o STU, um dos maiores campeonatos de skate da América Latina, como repórter e narrador.

Comecei com o ‘Skate Narrado’ e hoje em dia sou narrador de um dos maiores campeonatos de skate do Brasil. É muito irado tudo que tá acontecendo.”

Há um relato curioso compartilhado por Vitor André: todo início de semana há o “Vitinho da Sorte”, uma mensagem que ele publica na internet; O fato foi transformado em adesiso.

“Virou uma febre porque todo skatista que disputa com o adesivo tem bons resultados. Toda hora um skatista pede o ‘Vitinho da Sorte’. A jovem Rayssa Leal, por exemplo, esteve com o ‘Vitinho da Sorte’ no bolso quando subiu o mais alto degrau no campeonato mundial“.

Os próximos passos são grandiosos, conta. Entre eles está o campeonato e a parceria com o Nova Iguaçu FC. Vitor conta que gosta de se surpreender com o futuro, mas espera por estabilidade profissional. Espera também que a família esteja bem, que a galera da Baixada esteja melhor, que os projetos sociais que ele tem para Nova Iguaçu estejam caminhando.

“Que esse ano seja de próspero e de luz e que a gente possa alcançar nossos objetivos. E vamos pra cima. Só de a gente ser da Baixada a gente é muito da correria! Papai do céu tem algum negocinho guardado pra gente e a gente tem que ir lá buscar.”

Serviço:
Instagram: @ovitorandre

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