Cozinhas solidárias: tecnologia social de combate à fome e educação nos territórios vulnerabilizados
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Por Juliana Garcia e Ygor Oliveira
As Cozinhas Solidárias – decretadas há um mês pelo Presidente Lula como Política Pública – nasceram a partir de experiências locais de solidariedade, inclusive antes da maior crise humanitária do século XXI, a pandemia.
Essa prática é exercida há anos por igrejas, terreiros e ONGs por meio de entrega de quentinhas e sopão; enfrentando o combate à fome na ponta, isto é, para famílias em situação de vulnerabilidade social. Aliás, em muitos desses locais, há realização de atividades educacionais e culturais complementares como aulas de reforço escolar, pré-vestibular e até mesmo projeto de esporte para crianças e adolescentes.
Desde a pandemia, principalmente, observa-se que a entrega de cesta básica para as famílias, não é suficiente. Pois, é comum relatos de que as famílias impactadas não possuem gás em casa ou que o restaurante popular da cidade, importante política pública, porém, tais unidades estão situadas distantes das residências; isto é, se encontram nos centros urbanos, não abrangendo diretamente zonas rurais e as periferias da periferia.
Assim, são milhares de lideranças e ativistas que hoje celebram a implementação das cozinhas solidárias como forma de qualificar o que fazem e o time envolvido para que a luta travada para que crianças tenham barriga cheia para estudar; inclusive, nas rodas de conversas/atividades com a presença de responsáveis, nota-se que muitas mães além de almoçar segurando sua quentinha, pedem outras unidades para realizar a próxima refeição do dia.
Neste sentido, organizações da sociedade civil e o Estado tem dado importante passo na estruturação dessas etapas, como podemos observar o projeto de formação e apoio com foco na “Sabedoria Alimentar e Agroecologia: boas práticas para as cozinhas solidárias promotoras de saúde nos territórios“, fruto da parceria do Instituto Nós em Movimento, Fiocruz e cozinhas locais; além de outros que têm sido realizados nas periferias brasileiras.
Desta forma, é urgente união para produzir vida, somando forças nas construções não apenas de ações emergenciais, mas experiências que acumulam saberes populares, formuladoras de políticas públicas a longo prazo. Isto é, não apenas entregar “quentinhas” ou “cesta básica”, mas um ecossistema no combate à desigualdade social do país.