Magé: Quilombo Maria Conga recebe primeira dose da vacina contra Covid-19

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Direito quilombola garantido! Essa frase emblemática estampa o cartaz que a Secretaria Municipal de Saúde preparou para receber os membros da Maria Conga, uma das mais antigas comunidades quilombolas do Estado do Rio, durante a semana de vacinação na localidade. Entre os dias 12 e 16 de abril, uma equipe da Prefeitura estará no quilombo aplicando a primeira dose da vacina contra a Covid nos moradores. Um cadastro preliminar indicou que 1.250 quilombolas acima de 18 anos estão aptos a iniciar o processo de imunização. Apenas gestantes e mulheres que estejam amamentando têm contra-indicações e devem evitar a vacina.

Coordenador Técnico de Vigilância em Saúde da Secretaria, Darlan Nery dos Santos cresceu nos arredores do quilombo e conta que reconheceu antigos amigos na fila da vacinação. “Cientificamente, não há nenhuma diferença entre os quilombolas e uma pessoa qualquer. Mas, socialmente, a aplicação prioritária da vacina é uma conquista muito importante”, comentou. Para garantir essa conquista, a cozinheira Iasmine Alfradique Medeiros tornou-se voluntária para cadastrar os moradores do quilombo. Ela ficou responsável pela Ficha dos Vacinados, preenchendo, a cada dia, uma relação com o nome, a data de nascimento, o nome da mãe e o telefone de quem recebeu a primeira dose.

Foi o caso de mãe e filha que, nesta terça-feira (13/04), aguardavam na fila o atendimento. A dona de casa Millena da Silva Roque, 35 anos, parecia não acreditar no que estava acontecendo: “Eu estava me sentindo muito desanimada, achando que esta vacina não chegaria aqui tão rápido. Hoje, eu, como mulher negra, me sinto privilegiada por participar dessa conquista das comunidades quilombolas”. Sua mãe, a segurança Telma Lúcia Diniz, 59, teve Covid no início do ano e precisou ficar 27 dias internada no CTI. Na hora de levar a picada no braço, ela se emocionou. “Estou muito agradecida com a presença de vocês aqui hoje. É uma felicidade grande tomar essa vacina depois de tudo que eu sofri”, animou-se.

A Prefeitura de Magé já levou o serviço itinerante de vacinação para as outras duas comunidades quilombolas do município: a Feital e a Kilombá. Vice-presidente da Associação das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio (Acquilerj), Ana Beatriz Nunes, que costuma acompanhar as ações de vacinação em todo o estado, revelou que há 48 quilombos registrados em todo o território fluminense. Ela explicou que as comunidades quilombolas chegaram a ter o direito prioritário à vacinação retirado do Plano Nacional, mas que isso foi revertido graças à luta do movimento negro. “Tem muita gente que acha que isso é um privilégio. Não é. Os quilombos, são, em sua maioria, distantes dos centros das cidades, o que dificulta a ida dos moradores aos postos”, lembrou.

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