Uma crônica rimada à nossa Baixada
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Baixada Fluminense, recanto de histórias, riquezas, memórias, tristezas e alegrias. Uma mistura de sentimentos, de pertencimento, de amores e dissabores. É aqui a nossa territorialidade, onde exercemos o ápice de nossa cidadania e tentamos ser felizes de verdade. Tentamos todos os dias.
Cabe um Uruguai dentro da Baixada Fluminense! E agora pense: quantos outros países são menores do que toda a nossa extensão? Um outro complexo assunto que merece reflexão: muitos pensam que a Baixada é no fim do mundo e esquecem que o trem e o metrô fazem um elo de conexão. Às vezes tenho a percepção de que existe um muro invisível fazendo essa separação. Mas o povo baixadense também é brasileiro, é guerreiro e persistente, não esmorece à toa não.
Sou Ricardo Rodrigues, de São João de Meriti e de todos os cantos que dessa Baixada existir. Criei um coletivo de audiovisual que carrega em sua bandeira o seguinte lema, derrubar barreiras e invadir as fronteiras das telas de cinema. O Cinema de Guerrilha da Baixada, divulga a Baixada em seu próprio nome, porque da arte sempre sentimos fome. E quem tem fome tem pressa, não tem como esperar e o que somente nos interessa é poder representar.
Representá-la na minha camisa, no meu caminhar, no que meu vizinho precisa, nesse nosso esperançar. Representá-la no grafite dos muros, nos palcos futuros que as cortinas da vida podem nos proporcionar. Representá-las nas rimas, de jovens, senhoras, meninos e meninas, nas quadras, nas pistas, nos gramados de futebol, sermos artistas, de janeiro a dezembro, em todo tempo, nos dias de chuva ou nos dias de sol. Todos nós podemos ser representantes do que acontece ao nosso redor, seja o que parece insignificante ou que fará todo o nosso planeta melhor! Lembro-me perfeitamente de um festival de grande relevância internacional, e meu primeiro filme O mendigo ganhou menção honrosa.
Aos que agora me leem, vos digo, que sensação maravilhosa, sair de um lugar tão distante e receber uma premiação tão importante. Lá foi dito por um produtor presente, que a Baixada é sim, muito diferente do que muitos enxergam somente nos noticiários da tevê. Existe uma outra Baixada que precisa ser sempre divulgada pra nunca mais ninguém se esquecer!
É por isso que estarei por aqui para escrever tudo o que eu sentir, tudo o que eu puder divulgar e propagar desse nosso lugar. Porque a cada passo que eu der, seguirei com fé. Inté!
“Porque a vida não basta”, Ricardo Rodrigues é açougueiro, escritor e cineasta!