A nova rotina do calçadão de Nova Iguaçu após o incêndio

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A brincadeira entre trabalhadores e frequentadores do Calçadão de Nova Iguaçu é de que a cidade precisa receber um banho de água Benta de helicóptero ou caminhão pipa porque a sorte não está boa. Afinal, em menos de uma semana aconteceu o incêndio no Shopping Nou e lojas do entorno, pequeno incêndio na loja Citycol, tempestade com alagamento em diversos pontos da cidade e rolamento de pedras no Shopping Nova Iguaçu. A reportagem do Site da Baixada conversou com essas pessoas para traçar caminhos da tragédia e o que pode ser do futuro.

Na Travessa Irene, que conecta o calçadão à Avenida Getúlio de Moura (rua da estação ferroviária), o senhor Paulo César, 68 anos, é aposentado e trabalha como segurança em um prédio comercial ao lado do Sebrae. Morador de Nova Iguaçu há 27 anos, Paulo contou que ao chegar ao estacionamento do Banco Itaú da Rua Otávio Tarquino, onde deixa a sua moto para ir ao trabalho, ouviu um estrondo seguido por explosões menores. O iguaçuano relatou que os bombeiros agiram rapidamente, mas a falta de água complicou o trabalho.

“Quando os bombeiros chegaram não tinha água nos hidrantes. Nas cidades da Baixada eles são figuras decorativas, tipo anão de jardim. ‘Ó, aqui tem hidrante, é uma cidade emancipada’, sabe?”

“Creio que essa chuva que veio no final de semana ajudou muito a apagar esse incêndio porque hoje (terça, 31/01) ainda tem cheio de fumaça.”

O comércio na Travessa Irene foi liberado para iniciar as atividades na quarta (01/02). A energia elétrica no local retornou na sexta (27/01). Já na Avenida Getúlio de Moura as lojas e o trânsito no trecho entre a Rua Otávio Tarquino e Nilo Peçanha está interditado. Há um guindaste no local auxiliando na demolição de algumas construções atingidas pelo incêndio.

“Nunca vi um evento desse em Nova Iguaçu. O centro financeiro passou por esse acidente e a cidade não soube trabalhar com isso.

O Corpo de Bombeiros de Nova Iguaçu está a menos de 2 km de distância do local, logo após o Top Shopping. A mesma distância se aplica para o Corpo de Bombeiros de Mesquita. A ação serve de alerta para as cidades da Baixada.

Outra pessoa falou à reportagem sobre a atmosfera que tomou conta da região após o incêndio. Dona Josefa, ambulante no calçadão de Nova Iguaçu, afirma que há um clima triste entre os trabalhadores que precisam continuar trabalhando.

“A vida das pessoas segue. A gente que trabalha aqui é que sente mais. Ainda bem que nenhum amigo se foi.”

Já Vanessa e Patrícia, que trabalham na banca de jornal que fica a poucos metros do local do incêndio, relataram também o prejuízo. A banca sobrevive com duas funcionárias comercializando desde jornais e revistas a açaí e outros lanches.

“Chegamos um pouco depois. Tava tendo tipo explosões e eles pediram pra gente fechar.”

A energia elétrica para a banca de jornal e outras lojas do local só retornou no sábado (28/01), três dias depois. No mesmo dia, por volta das 16 horas, caiu a chuva forte na cidade deixando algumas áreas alagadas. A sorte, diz Vanessa, é que nada estragou porque levamos tudo pra casa depois do incêndio e saímos antes da chuva cair.

A reportagem apurou que a Travessa Almerinda Lucas de Azevedo teve aumento de fluxo de pedestres. Uma funcionária de uma loja de doces no local não quis se identificar e afirmou que ao menos a tragédia fez as pessoas que andam no calçadão entrarem na Travessa e conhecer novas lojas.

A Defesa Civil ainda está apurando as causas do incêndio. Nova Iguaçu, cidade com diversos talentos, potencialidades, memórias e alegrias coleciona dois eventos tristes no início de 2023. Paulo César afirma que as autoridades precisam entender os acontecimentos como alertas para o futuro. Como dizem os iguaçuanos, que fevereiro faça a sorte mudar em favor da cidade.

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