Covid-19: cidades da Baixada Fluminense reabrem mesmo com número de casos aumentando
Doença já causou 1.336 mortes e tem 12.810 casos confirmados
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Por Wesley Brasil
A pandemia do novo coronavirus continua avançando na Baixada Fluminense, de acordo com os dados fornecidos pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro: no último domingo, foram registrados 127 novos casos na região e mais 19 óbitos – no momento, são 12.810 casos confirmados e 1.336 óbitos por Covid-19.
Apesar de a curva ainda não apontar para uma possível queda, as cidades da Baixada Fluminense começaram a autorizar a reabertura do comércio, serviços e indústrias. O frio desta segunda-feira (15/06) ajudou a manter uma parte da população em casa, mas os dias anteriores foram de muito movimento nas ruas dos municípios.
Entre as cidades que reabriram, está Duque de Caxias – que chegou a ser impedida pelo STF a retomar as atividades. No entanto, no último dia 11 a cidade reabriu de vez os negócios e permitiu até academias de ginástica a reabrirem.
A outra ‘capital da Baixada’, Nova Iguaçu, seguiu o passo da cidade vizinha e começou a reabertura pelo calçadão do centro. Dias depois, mesmo registrando ainda o aumento de casos, foi a vez dos outros bairros reabrirem o comércio.
A cidade mais recente a reabrir o comércio é Guapimirim, que também liberou lojas de rua, varejistas e até escritórios para o funcionamento. São João de Meriti também optou pela reabertura das atividades.
Um protocolo de funcionamento foi adotado nas cidades que decidiram reabrir o comércio: desde a obrigatoriedade do uso de máscaras até a disponibilização de álcool em gel, as medidas foram impostas por meio de decretos sob a promessa de fiscalização dos municípios.
Além dos protocolos, em comum também entre as cidades é a geografia: ao contrário de cidades do interior do Estado e até de países como a Nova Zelândia (que não registrou mais casos de Covid-19), a Baixada Fluminense tem características que impedem o isolamento total dos municípios, como a conurbação que confunde as fronteiras das cidades metropolitanas ou ainda a presença de rodovias como a Dutra, que tem dezenas de entradas e saídas para os municípios cruzados por ela.
Em entrevista para o Nexo Jornal a respeito de números que importam para entender o avanço do Coronavirus, o médico José David Urbáez (diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia) sinaliza sobre as dificuldades de lidar com o R0 (Coeficiente de Transmissibilidade – ou seja, quantas pessoas um infectado é capaz de infectar) em territórios com estas características: “Esse R0 depende das condições do vírus, de como ele se transmite, como consegue ir de uma pessoa para outra, mas depende muito também das condições do local onde existe a transmissão: a densidade populacional, a capacidade que tem aquele lugar de tratar os doentes e colocá-los em isolamento. Isso aí diminuirá ou aumentará o R0.”.
Algumas das cidades mais populosas da América Latina estão na região, como Duque de Caxias em 40º; Nova Iguaçu em 50º; Belford Roxo em 90º e São João de Meriti em 103º. Se o território inteiro fosse uma só cidade, estaria entre os 10 mais populosos do continente. Quando o assunto é densidade populacional (pessoas por metro quadrado), São João de Meriti é a segunda mais densa do Brasil e Nilópolis a décima.
No início da pandemia, a própria Prefeitura de São João de Meriti apontava a importância de manter o isolamento na cidade, publicando o artigo “Coronavírus – Muito populoso, Meriti precisa manter isolamento social” (clique aqui para ver o print).
Em abril, um estudo conduzido pelo geógrafo e cientista de dados Ronnie Aldrin Silva, divulgado pela Fundação Perseu Abramo, apontava que Meriti é a cidade mais vulnerável do Brasil ao novo Coronavirus e a lista ainda seguiu com Nilópolis em 4º lugar, Belford Roxo em 9º e Mesquita em 21º. O estudo avaliou o Índice de Vulnerabilidade Municipal, que leva em conta fatores como o infraestrutura sanitária e estrutura etária/familiar da população – mas principalmente a densidade demográfica, já apontada como um dos principais fatores para a transmissão do Coronavirus.
Casos e óbitos por Covid-19 na Baixada Fluminense
Fonte: Governo do Estado do Rio de Janeiro
14/06/2020 | Casos | Óbitos |
---|---|---|
Belford Roxo | 1.088 | 149 |
Duque de Caxias | 2.193 | 342 |
Guapimirim | 544 | 28 |
Itaguaí | 869 | 59 |
Japeri | 128 | 14 |
Magé | 1.185 | 112 |
Mesquita | 544 | 93 |
Nilópolis | 485 | 55 |
Nova Iguaçu | 2.557 | 278 |
Paracambi | 304 | 18 |
Queimados | 1.301 | 20 |
São João de Meriti | 1.283 | 151 |
Seropédica | 329 | 17 |
Total | 12810 | 1336 |