Baixada Fluminense teve mais de mil tiroteios em um ano

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Desde que a ADPF 635 entrou em vigor, em 5 de junho de 2020, pouco se sentiu seus efeitos na Baixada Fluminense. Em 24% dos mais de 1.000 tiroteios ocorridos na região havia a presença de agentes públicos de segurança. E em 28% deles, houve vítimas.

A medida estabelecida pelo STF (ADPF 635) impõe limites a ações policiais no Rio de Janeiro, a fim de diminuir a letalidade policial.

Apesar de ter havido redução de 20% no número de tiroteios onde havia presença de agentes na vigência da ADPF, estas ações deixaram mortos em 43% dos casos. No período anterior à medida, 44%. As chances de ações policiais deixarem feridos também se mantiveram estáveis: 43% pré ADPF e 41% após a medida.

Para Maria Isabel Couto, Diretora de Programas do Instituto, “a letalidade nas ações policiais na Baixada não apenas é alta, mas também está estável. A decisão do STF ajudou a reduzir o número de operações policiais, mas não alterou o padrão violento quando elas ocorrem. Isso é inaceitável. É uma deturpação do propósito da ADPF que é estimular políticas de segurança que de fato priorizem a vida”.

Analisando minuciosamente os tiroteios com participação de agentes de segurança, a porcentagem de tiroteios com vítimas na Baixada Fluminense – 77% – é maior do que a soma em toda Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que teve 62%, mostrando que a letalidade policial afeta a todos, mas é agravada de acordo com o CEP.

Números na Baixada

Historicamente conhecida como uma região suscetível a grupos de extermínio e chacinas, a Baixada viu o número de chacinas – onde há 3 ou mais civis mortos numa mesma ação – cair 11% após a ADPF.

Entre os municípios com mais tiroteios com presença de agentes de segurança em um ano de ADPF 635, estão Belford Roxo (70), Duque de Caxias (65), São João de Meriti (32), Nova Iguaçu (24) e Queimados (16).

Já entre os bairros da região com mais tiroteios em ações e operações policiais, estão Santa Tereza (12), Gláucia (9) e Bom Pastor (9) – todos em Belford Roxo -, e Vila Centenário (6) e Olavo Bilac (6) – em Duque de Caxias. Em Santa Tereza, mais de metade do total de tiroteios registrados no bairro decorrem de situações em que havia presença de agentes de segurança.

Foto de capa: Ünsal Demirbaş no Pexels

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