Primeira semana de aula teve 29 tiroteios próximo a unidades de ensino no Grande Rio

Ao todo, 59 escolas e creches foram afetadas pelos tiroteios no entorno, segundo Instituto Fogo Cruzado

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A volta às aulas na rede pública municipal do Rio de Janeiro foi marcada pela falta de professores nas salas. Mas não foi só o déficit de profissionais que prejudicou alunos e responsáveis. A violência armada foi outro problema. Somente na primeira semana de aulas, entre os dias 6 e 10 de fevereiro, o Instituto Fogo Cruzado contabilizou 29 tiroteios próximos a unidades escolares, públicas e particulares, da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O dado considera como entorno um raio de até 300 metros da instituição de ensino, durante horário letivo.

Os 29 tiroteios representam 52% dos tiroteios que aconteceram no Grande Rio dos dias 6 a 10 de fevereiro – foram 59, ao todo.

No dia 6, no primeiro dia de aulas da rede pública, 12 escolas municipais da Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, tiveram que fechar por conta de um tiroteio entre policiais e traficantes. Outras cinco escolas da Vila Kennedy voltaram a suspender aulas no dia 14, por causa de tiros.

As disputas entre tráfico e milícia na Zona Oeste, especialmente nos bairros da Gardênia Azul e Cidade de Deus, também prejudicaram os estudantes. No dia 7 de fevereiro, oito escolas municipais da Cidade de Deus suspenderam as aulas. No dia 10, nove escolas municipais não abriram por causa de uma operação policial. No dia 13, foram 10 escolas da prefeitura sem abrir, e quatro delas permaneceram fechadas no dia 14. Isso significa dizer que, por conta dos seguidos tiroteios, a Cidade de Deus, ao longo de uma semana, não teve sequer um dia completo de aula para os alunos da região.

Centenas de estudantes e responsáveis da Maré também foram prejudicados. A Creche Municipal Pescador Albano Rosa, localizada na Vila dos Pinheiros, na Zona Norte do Rio, seria reinaugurada na terça-feira (14), mas foi cancelada devido a uma operação policial na Maré.

Entre os 29 tiroteios ocorridos no entorno de unidades de ensino do Grande Rio, 66% (19) ocorreram durante ações ou operações policiais.

Ao todo, 59 das 7.386 escolas e creches das redes públicas e privadas foram afetadas por tiroteios no seu entorno.

Entre os municípios afetados por tiroteios no entorno de unidades de ensino, o Rio de Janeiro concentrou 20 registros (69% do total mapeado); Em seguida, vieram: Niterói (2), Duque de Caxias (2), São João de Meriti (2), Belford Roxo (1), Itaboraí (1) e Japeri (1).

Sobre o Fogo Cruzado

O Fogo Cruzado é um Instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida.

Com uma metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da instituição produz 40 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife e de Salvador.

Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto.

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