Agosto tem recorde de baleados em assalto no Grande Rio

Dos 31 baleados em assaltos no mês, seis eram agentes de segurança fora de serviço, aponta relatório do Instituto Fogo Cruzado.

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O mês de agosto foi marcado pelo elevado número de baleados em assaltos e tentativas de assalto na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Ao todo, 31 pessoas foram baleadas nestas circunstâncias — oito morreram e 23 ficaram feridas —, aponta o relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado. Em agosto deste ano a quantidade de vítimas em assaltos é cinco vezes maior que o registrado no mesmo período de 2023, quando seis pessoas foram baleadas, das quais duas morreram e quatro ficaram feridas. O mês também é recorde de vítimas, até o momento, neste ano.

  • Janeiro: 6 baleados – 1 morto e 5 feridos

  • Fevereiro: 22 baleados – 12 mortos e 10 feridos

  • Março: 14 baleados – 8 mortos e 6 feridos

  • Abril: 21 baleados – 9 mortos e 12 feridos

  • Maio: 12 baleados – 5 mortos e 7 feridos

  • Junho: 17 baleados – 9 mortos e 8 feridos

  • Julho: 25 baleados – 8 mortos e 17 feridos

  • Agosto: 31 baleados – 8 mortos e 23 feridos

“Vemos diariamente nos jornais e ouvimos entre pessoas próximas o medo constante dos assaltos. A sensação de insegurança afeta moradores do Grande Rio, que hoje vivem sob uma rotina de violência, medo e traumas. O estado precisa estar atento para que os problemas sociais, econômicos e de segurança pública parem, de uma vez por todas, de gerar tragédias como essas que já viraram rotina no Rio de Janeiro. Dados como os do relatório mensal do Fogo Cruzado são fundamentais para a população ter real dimensão do problema que a afeta e pressione o poder público em busca de soluções eficazes”, opina Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro.

Chama atenção ainda o elevado número de agentes baleados nestes assaltos quando estavam fora de serviço. Dos 31 baleados em assaltos no mês, seis eram agentes de segurança: três morreram.

No dia 14, o policial federal Sérgio Luiz de Medeiros, de 62 anos, foi morto a tiros durante uma tentativa de assalto, quando chegava de carro em casa com a família, em Todos os Santos, na Zona Norte do Rio. No dia 15, o policial militar Nailson Medeiros da Silva voltava do serviço quando foi baleado na cabeça durante roubo de carga, na Avenida Leopoldo Bulhões, em Benfica, também na Zona Norte do Rio. Já o sargento da Polícia Militar Saint Clair Ferreira dos Santos foi morto a tiros durante uma tentativa de assalto próximo a Vila Olímpica de Nilópolis, na Baixada Fluminense, no dia 20. Na mesma data, um policial penal foi atingido por dois tiros ao reagir a um assalto na Rua Ana Barbosa, no Méier, na Zona Norte do Rio.

O mês em dados

Durante o mês de agosto, 209 tiroteios/disparos de arma de fogo foram mapeados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O número indica aumento de 37% nos registros em comparação com o mesmo mês de 2023, que concentrou 153 tiroteios.

Entre os 209 tiroteios ocorridos no mês, 41% deles (85) se deram em ações/operações policiais. Já em agosto de 2023, dos 153 tiroteios, 24% deles (37) ocorreram nas mesmas circunstâncias.

Ao todo, 146 pessoas foram baleadas na Região Metropolitana do Rio: 68 morreram e 78 ficaram feridas. O número de mortos indica ligeiro aumento de 3%, já o número de feridos, aumento de 47%, em comparação com agosto de 2023, que acumulou 119 baleados: 66 mortos e 53 feridos.

Entre as 146 pessoas baleadas em agosto deste ano, 51% delas (75 vítimas) foram atingidas durante ações/operações policiais: 29 morreram e 46 ficaram feridas. Em agosto de 2023, entre as 119 pessoas baleadas, 42% (50 vítimas) foram atingidas durante ações/operações policiais: 22 morreram e 28 ficaram feridas.

O mês de agosto apresentou ligeira queda de 2% na quantidade de tiroteios, ligeiro aumento de 5% no número de mortos e aumento de 28% na de feridos em comparação com o mês de julho, que acumulou 213 tiroteios, 65 mortos e 61 feridos.

Entre os dias mais afetados pela violência armada em agosto, os dias 20 e 27 acumularam o maior número de tiroteios, tendo seis registros cada. O dia 31 acumulou o maior número de mortos, somando 11 vítimas. E os dias 31, com nove atingidos, foi a data com maior número de feridos no mês.

O mapa da violência armada

Municípios

Os municípios mais afetados pela violência armada ao longo de agosto foram:

  • Rio de Janeiro: 125 tiroteios, 31 mortos e 43 feridos

  • São Gonçalo: 19 tiroteios, 5 mortos e 10 feridos

  • Nova Iguaçu: 14 tiroteios, 8 mortos e 2 feridos

  • São João de Meriti: 14 tiroteios, 4 mortos e 11 feridos

  • Mesquita: 9 tiroteios, 7 mortos e 1 ferido

Bairros

Entre os bairros, os mais afetados pela violência armada foram:

  • Vila Isabel (Rio de Janeiro): 9 tiroteios, 7 mortos e 3 feridos

  • Cordovil (Rio de Janeiro): 7 tiroteios

  • Itanhangá (Rio de Janeiro): 6 tiroteios

  • Penha (Rio de Janeiro): 6 tiroteios

Regiões

Seis regiões contemplam a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A distribuição da violência armada entre elas ficou da seguinte forma:

  • Zona Norte (Capital): 89 tiroteios, 22 mortos e 27 feridos

  • Baixada Fluminense: 55 tiroteios, 29 mortos e 20 feridos

  • Leste Metropolitano: 29 tiroteios, 8 mortos e 15 feridos

  • Zona Oeste (Capital): 28 tiroteios, 8 mortos e 14 feridos

  • Centro (Capital): 5 tiroteios, 1 morto e 1 ferido

  • Zona Sul (Capital): 3 tiroteios e 1 ferido

O perfil da violência armada

Quatro adolescentes foram baleados na Região Metropolitana do Rio: três morreram e um ficou ferido. Em agosto de 2023, seis adolescentes foram baleados: cinco morreram e um ficou ferido.

Seis idosos foram baleados em agosto: três morreram e três ficaram feridos. No mesmo período de 2023, três idosos foram baleados: dois morreram e um ficou ferido.

11 pessoas foram vítimas de bala perdida no Grande Rio em agosto: todas sobreviveram. Entre as vítimas, cinco foram atingidas em ações/operações policiais. Em agosto de 2023 também houve 11 pessoas vítimas de balas perdidas: cinco morreram e seis ficaram feridas. Entre as 11 vítimas, quatro foram atingidas durante ações/operações, duas morreram e duas ficaram feridas.

13 agentes de segurança foram baleados na Região Metropolitana do Rio em agosto deste ano: seis morreram (um em serviço, quatro fora de serviço/de folga e um não teve o status de serviço revelado) e sete ficaram feridos (dois em serviço e cinco fora de serviço/de folga). Em agosto de 2023, sete agentes de segurança foram baleados na Região Metropolitana do Rio: dois morreram (um fora de serviço/de folga e um era aposentado/exonerado) e cinco ficaram feridos (três em serviço e dois fora de serviço/de folga).

Houve ainda cinco chacinas que resultaram na morte de 20 civis. Duas delas ocorreram durante uma ação/operação policial, deixando sete civis mortos. Em agosto de 2023, houve uma chacina policial na Região Metropolitana do Rio que deixou 10 mortos.

Acumulado do ano

Em 2024, entre janeiro e agosto, houve 1.774 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. 631 destes registros ocorreram durante ações/operações policiais. Ao todo, 1.009 pessoas foram baleadas neste período, das quais 505 foram mortas e 504 ficaram feridas. Comparado ao mesmo período de 2023 – que concentrou 2.144 tiroteios, sendo 797 em ações/operações policiais, e 1.376 pessoas baleadas, sendo 710 mortas e 666 feridas –, o ano de 2024 apresenta, até agora, queda de 17% nos tiroteios; o número de tiroteios durante ações/operações policiais teve queda de 21%; o número de mortos teve queda de 29%; e o número de feridos, queda de 24%.

SOBRE O FOGO CRUZADO

O Fogo Cruzado é um Instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida.

Com uma metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da instituição produz mais de 50 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife, de Salvador e de Belém.

Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto ou dos relatórios que produzimos mensalmente.

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