Filmes sobre feminicídio e desesperança são gravados na Baixada Fluminense
As ideias são inesgotáveis e o que mais há de possibilidade é contar histórias no território. Os alunos das turmas de 2024 do EncontrArte Audiovisual rodam na última semana de novembro novos filmes produzidos em aula. Os curtas-metragens “Depois do Forró”, de Carla Nunes, e “Destino Traçado”, de Caio Berçácola, estão sendo gravados em Nova Iguaçu.
Em outubro foi a vez de outros dois curtas-metragens serem rodados em Nova Iguaçu pelas turmas do EncontrArte: “Para Sempre”, de Claudio Benitez, e “Vilarejo”, de Jotta Zurc. Ambos têm lançamento previsto para o primeiro semestre de 2025.
Já sobre os curtas em processo de filmagem, a expectativa é grande em torno da reflexão que possam gerar nos expectadores. “Depois do Forró” é um roteiro baseado em uma notícia que saiu nos jornais de Pernambuco, na região nordeste, e fala sobre feminicídio. O filme conta a história de Mercês que, presa em um casamento abusivo, luta para proteger a filha pequena. Entre as locações estão uma residência e um bar no bairro Caonze. Já “Destino Traçado” fala sobre as ações desesperadas que atormentam jovens que constantemente são recusados em processos seletivos. No curta-metragem Mariana cria esperanças depois de um sonho premonitório da avó e do encontro uma taróloga que através da leitura das cartas afirma que grandes mudanças estão por vir.
Em “Depois do Forró” a atriz Araci Breckenfeld vive a protagonista Mercês e fala sobre o envolvimento com a obra.
“É uma história muito necessária. Vivo a Mercês que é uma mulher e mãe que sofre violência vinda do marido. É um filme que sai do caminho óbvio e traz reflexão sobre o tema. O Brasil é o 5º país no ranking mundial de feminicídio, então é preciso refletir.”
A diretora e roteirista Carla Nunes, que também é atriz, reflete sobre o que o filme leva para as telas.
“É muito importante a gente falar sobre feminicídio. De acordo com as estatísticas, a cada 7 minutos uma mulher morre no Brasil. Na Baixada Fluminense, todos os dias há ao menos um caso de feminicídio. É isso que a Mercês fala no filme: era ele ou eu.”
Essa é a segunda leva de filmes das turmas só esse ano e se junta a tantas outras produções audiovisuais da Baixada Fluminense em época de ouro para essa linguagem artística. A estreia de todas as produções dos alunos do EncontrArte está prevista para o primeiro semestre de 2025.
A EncontrArte Audiovisual começou sua trajetória em 2020, em plena pandemia da Covid-19 com aulas virtuais e, depois, com encontros presenciais. A instituição é uma das poucas escolas gratuitas de cinema da Baixada Fluminense. As vagas são limitadas e costumam ser abertas no final do ano. Algumas produções da instituição estão disponíveis no canal do Youtube e outras seguem em participação em festivais nacionais e internacionais. A EncontrArte Audiovisual está localizada no Centro Social São Vicente, antigo Patronato São Vicente, em Nova Iguaçu, e recebe subsídio por meio de emendas parlamentares advindas do Ministério da Cultura e Governo Federal.