O palco cultural de Nova Iguaçu chamado Praça dos Direitos Humanos
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Por Thiago Kuerques
Veneza possui a famosa Piazza San Marco. Em Buenos Aires a Plaza de Mayo é conhecida centro da revolução de 1810 e foco de manifestações políticas da Argentina. Brasília tem a Praça dos Três Poderes, Salvador tem o Pelourinho e o Rio tem a Carioca. Em Nova Iguaçu há a Praça dos Direitos Humanos. O lugar é um dos mais importantes cenários de recentes manifestações culturais na cidade.
Situada na Via Light, a um quarteirão da prefeitura e ao lado de uma pista de skate, a praça dos Direitos Humanos foi palco, sobretudo na última década, de coletivos culturais da cidade de Nova Iguaçu. Foram realizados saraus literários, feira de brechós, eventos de hip hop e rodas culturais.
Segundo a produtora cultural Giordana Moreira, a praça foi batizada em razão da atuação da igreja católica em defesa dos direitos humanos através da promoção feita pelo padre Roy.
Foi na praça que a produtora cultural e escritora Janaína Tavares realizou o Sarau V. Formada no Cefet do bairro Santa Rita, em Nova Iguaçu, a produtora se apaixonou por saraus de poesia falada através do poeta Mano Teka, do Sarau Apafunk, no Rio. Ao trazer para o território da Baixada Fluminense, Janaína conheceu o Encontro de Poetas e Afins, capitaneado por Moduan Matus e Sil Lis, que foi o primeiro local a abrir portas para a iniciativa.
“[Em 2013] estávamos procurando um espaço público porque a gente tinha essa veia anarquista, queríamos que tivesse um trabalho de base e que também envolvesse arte. Passamos em frente [à praça dos Direitos Humanos] por acaso.”
O Sarau V habitou a praça dos Direitos Humanos na primeira metade da década de 2010. Segundo Janaína, o último momento do Sarau V foi a promoção da experiência coletiva e libertadora com relação à cultura e o cotidiano em escolas da região no ano de 2017.
Produtora cultural e criadora do Festival Roque Pense, Giordana Moreira acredita que as primeiras ocupações na praça foram realizadas pelo rapper iguaçuano DMT em 2008.
“Acho até que o Marechal tocou lá [na praça dos Direitos Humanos em 2008].”
Foi nesse período que Giordana realizou na praça o Encontro de Grafiteiras Fluminense dentro do projeto Grafiteiras pela Lei Maria da Penha. Segundo a produtora, à época houve negociação com o artista plástico Raimundo Rodriguez para utilização daqueles muros. Em 2008, durante o evento, foi feito em um dos muros o grafite de Maria da Penha. Com o passar dos anos o artista plástico foi registrando nos muros da praça homenagens à personalidades dos Direitos Humanos do Brasil.
Como na Carioca ou no Pelourinho, a iguaçuana Praça dos Direitos Humanos é historicamente palco de diversas manifestações culturais e também local de concentração de um número relevante de pessoas em condição de rua. As crises econômica e sanitária são os principais fatores para o agravamento da situação. Segundo Giordana Moreira, os produtores dão conta praticamente sozinhos dos espaços públicos da cidade.
A praça dos Direitos Humanos é um registro importante para Nova Iguaçu e para a Baixada Fluminense, sobretudo para seus artistas.
Foto: Ricardo Cassiano/Agência O Dia
Conheço a praça e moro perto dela. É bom que ocorra sempre eventos culturais