A rebeldia contida da escritora iguaçuana Eliane Gonçalves

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A rebeldia contida da escritora iguaçuana Eliane Gonçalves

A escritora Eliane Gonçalves é, sobretudo, poeta e contista. Conhecida por sua participação e produção no coletivo feminino Fulanas de Tal, a escritora é uma notoriedade da literatura da região. Com linguagem sensível e forte, a literatura de Eliane avança sobre os incômodos observados na Baixada Fluminense. Mulher iguaçuana, Eliane publicou o livro “Contos e Encantos Meus”, em 2016. Em 2018, a convite do escritor Jonatan Magella, passou a integrar o coletivo Aleatórios. Através dele participou das publicações das antologias “Aleatórios”, de 2018, e “Contos de Todos os Cantos”, de 2019. Com essa biografia, Eliane diz ter “muito orgulho de ser uma poeta/contista da Baixada Fluminense”.

Nascida e criada em Austin, Eliane encontrou na poesia uma forma de expressão possível. Segundo a autora, sua criação foi feita para “não falar, principalmente na frente dos adultos”. Desta forma Eliane exercia a escrita de forma velada.

“Fui criada para não falar, mas eu tinha uma rebeldia contida, então escrevia escondido tudo que sentia. Lia e relia várias vezes, depois queimava para não serem lidos por outras pessoas, principalmente minha mãe. Tinha medo.”

Professora por formação, a escritora passou a dar asas à escrita através do contato com alunos. A própria professora passou a ser autora de histórias, poemas, adaptações de outros autores e peças para dramatização. Mas foi o contato com o amigo e escritor iguaçuano Antonio Feitosa que o mergulho dentro da cena cultural da Baixada Fluminense ocorreu. Foi através de Feitosa que Eliane Gonçalves teve contato e passou a integrar os coletivos Catando Contos, inclusive sendo a primeira mulher a integrá-lo. Em anos recentes, Eliane e Feitosa realizaram intervenção com poemas em guardanapos e toalhas de mesas de bares iguaçuanos.

Sobre a experiência de ser artista na Baixada Fluminense Eliane é categórica:

“Vivemos em um país onde, dentre outras coisas, a cultura não tem a devida importância. Livros deveriam fazer parte da cesta básica dos brasileiros, a leitura deveria ser incentivada. Não é verdade que o povo não gosta de ler. Livro é caro. Para os trabalhadores livro não é prioridade. Comida é. A maioria dos baixadenses são assalariados, acordam cedo pra batalha e passam horas no trânsito. Os momentos de folga são, principalmente para as mulheres trabalhadoras, para cuidarem da casa e dos filhos e, quando muito, pra socializar uma cervejinha com os amigos e/ou dedicarem-se a alguma religião.”

Um exemplo de ação social que vislumbra amenizar um pouco a falta de acesso à cultura e, principalmente, aos livros por conta dos moradores da Baixada Fluminense é a iniciativa da rede de bibliotecas comunitárias Baixada Literária. São bibliotecas localizadas em bairros mais afastados e de pouca estrutura cultural que oferecem empréstimos de livros, dinâmicas de leitura, contação de histórias e encontros com escritores da região.

Segundo Eliane, os melhores encontros são aqueles com as pessoas que fazem e são comprometidas com a cultura da Baixada Fluminense. Fazer parte de grupos é um conselho de Eliane para que a arte seja compartilhada e a cultura seja fortalecida. Nova Iguaçu é uma efervescência de talentos, atesta Eliane Gonçalves.
Eliane Gonçalves se define como “uma pessoa comum que utiliza a escrita para expressar o que sente e vê, o que me deixa feliz ou não e o que a imaginação faz questão de compartilhar porque agora não preciso mais esconder o que escrevo. Escrever é libertador!”

Em um futuro bem próximo a autora gostaria que as pessoas tivessem mais acesso a cultura; que pudessem comprar livros sem que o dinheiro para isso fizesse falta. A escritora e professora também deseja eleição de governantes e legisladores que valorizem a cultura e efetivem políticas públicas voltadas para essas pautas. Mas, segundo Eliane, que seja de uma maneira prazerosa e não sacrificante.

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2 comentários

  1. Eliane Gonçalves disse:

    Gratidão, Tiago e Site da Baixada!!! Muito sucesso para vocês e uma Baixada Fluminense mais fortalecida na Cultura!!!

  2. Willia Sertório disse:

    Eliane tem grande talento é contista, contadora de histórias e, tambem faz incursões pelo mundo da pintura. Tivemos o privilégio de fundarmos a primeira rida de contos do Brasil, o sarau Catando Contos que reuniu grandes talentos da nossa literatura enquanto existiu.

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