Historiadoras da Baixada criam clube do livro para conectar fios soltos sobre gênero, raça e classe

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Historiadoras da Baixada criam clube do livro para conectar fios soltos sobre gênero, raça e classe

Criado em São João de Meriti, o Clube do Livro Histórias Cruzadas é uma idealização das historiadoras Anelise, Tamara e Amanda. Segundo as organizadoras, o projeto apresenta histórias numa perspectiva decolonial e interseccional. Por decolonialidade é compreendido por diversos pesquisadores como “dissolução das estruturas de dominação e exploração configuradas pela colonialidade”. O perfil HistóriasxCruzadas conta com pouco mais de mil seguidores no Instagram que acompanham análises, transmissões ao vivo e dicas literárias.

Anelise Martins é nascida em Nova Iguaçu, mas cria da Vila Tirandentes, em São João de Meriti. Amanda Santos é do bairro Penha Circular, na zona norte do Rio de Janeiro. Já Tamara Silva é do Itanhangá, também na capital. Conectadas na formação universitária, as criadoras identificaram no curso de história a ausência de conteúdo sobre mulheres, pessoas lgbtqia+ e pessoas negras, por exemplo.

O pensamento e a construção, segundo Anelise, nascem a partir de histórias pessoais. São histórias de regiões periféricas cruzadas com histórias de mulheres de outras regiões mais abastadas.

“Queremos que pessoas que vem de onde nós viemos tenham acesso a narrativas em que elas se vejam.”

As leituras selecionadas pelo clube do livro partem do lugar de fala de mulher negra da Baixada Fluminense em congruência com o lugar de fala de uma mulher branca de bairro de classe alta da capital. Segundo Anelise, a seleção de livros é baseada em histórias de pessoas que tem a vida na Baixada, mas vivem em espaços diversos, usam trem, metrô e ônibus como principais meios de transporte.

Uma das principais questões em debate no mercado editorial é sobre a diversidade de publicações. Segundo Anelise, durante muitos anos o sinônimo de literatura clássica era de um livro escrito por homens e mulheres brancos e de classe média e alta. Anelise relata que o clube nasceu da percepção sobre o mercado editorial.

“Atualmente estamos avançando em mostrar para as editoras a importância de publicações diversas. Já podemos considerar Conceição Evaristo uma autora clássica.”

De acordo com as organizadoras, a existência do clube de forma tão plural é essencial para que se siga a construção de uma sociedade mais inclusiva. O clube do livro HistóriasxCruzadas realiza encontros toda primeira quarta-feira do mês de forma virtual. Segundo Anelise:

“Tem um ponto que eu amo: são pessoas de diferentes regiões do Brasil. Desde Baixada, Saquarema até o sul do país.”

O objetivo do clube é construção de pontes e reflexões por meio do diálogo entre literatura e vivência. A experiência das organizadoras da Baixada, segundo Anelise, transforma o clube em espaço seguro para conversas sobre histórias pessoais e coletivas.

“Ser da baixada é motivo de orgulho e precisamos valorizar sempre as nossas histórias.”

Para o encontro de abril, quarta feira (6/4) às 20h, o debate será sobre o livro Filosofias africanas de Nei Lopes e Luiz Antonio Simas.

Serviço:
Instagram: https://www.instagram.com/historiasxcruzadas/

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