Jovem ator da Baixada Fluminense compõe elenco indicado a um dos maiores prêmios do teatro brasileiro

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Jovem ator da Baixada Fluminense compõe elenco indicado a um dos maiores prêmios do teatro brasileiro

O ator e palhaço Junior Melo é a prova viva de que a Baixada Fluminense é realmente um celeiro de grandes talentos. Prestes a dar continuidade a dois espetáculos que já rodam o país lotando os teatros pelo Brasil, e em preparação de um novo projeto em execução, o jovem compõe o elenco indicado ao 16º Prêmio Associação de Produtores de Teatro (APTR) na categoria “Elenco – Jovem talento”, através da peça “Revolução na América do Sul”.

Sob o texto de Augusto Boal, o elenco traz à tona a linha ‘pão e circo’ que permeia ao longo dos anos. “Atuar neste espetáculo é personificar o país: ‘chão de fábrica’. É remontar o trabalhador das últimas décadas e conectá-lo ao das próximas. Tudo através da crítica, do repúdio, do humor e da tragédia. Falar da fome é falar de milhares de pessoas que neste exato momento são vítimas de uma necropolítica que visa privilegiar empresários ao invés de políticas preventivas contra a miséria e a pobreza”, ressaltou o ator.

Além de Junior, “Revolução na América do Sul” conta ainda com os atores Cássio Duque, Letícia Ambrósio, Levi Duarte, Maria Azevedo, Nathalia Cantarino e Ritiele Reis. “Enquanto ativista, este trabalho nos dá a oportunidade de expôr – através das artes – as mazelas crônicas do Brasil, jogando luz sobre debates estruturais e necessários para o avanço e garantia de direitos da classe trabalhadora”, pontua.

Determinado, estudioso e versátil. É tarefa difícil contar a história de Junior sem falar de arte. Isso porque a trajetória dele é intrínseca aos palcos. Filho da aguerrida Dona Sandra, o artista é a personificação de que uma criança vinda da periferia também pode dar certo e, que, muitas vezes, precisa somente de oportunidades.

Para o ator, são muitos valores por trás desta competição. “Ser indicado em coletivo, em uma das mais importantes premiações do Teatro Nacional é o reconhecimento de tudo que nós atores periféricos estamos construindo. Não é fácil viver de arte sendo da Baixada Fluminense. Existem inúmeros impeditivos. Mas nós fazemos questão de enfrentar e entregar um trabalho sério, crítico e comprometido com a excelência”, afirma.

E prosseguiu dizendo: “Toda vez que um grupo periférico ou favelado participa de uma premiação nacional, desestigmatizamos nosso território, nossos corpos e narrativas. A periferia produz com excelência e sempre foi assim, porém, esses espaços ainda não são cedidos a nós. Precisamos buscá-los. Correr dobrado, para entregarmos com competência. Isso nunca é considerado. Na linha de largada nós saímos atrás, sendo assim, durante a corrida é necessário ter foco e estratégia para alcançarmos a linha de chegada com honestidade e sucesso”.

E se engana quem pensa que acabou. Sem tempo para descanso, a agenda de Junior Melo está apenas começando. “Nesta semana dou continuidade à circulação de ‘Revolução na América do Sul’ nas unidades do Sesc, pelo estado do Rio de Janeiro. No mês que vem, inicio um novo processo de criação de espetáculo que estreia em outubro, contemplado pelo edital do Sesc Pulsar. A direção será de Eduardo Vaccari e se chama “O Aniversário de Bu”. E, em agosto, voltamos com ‘Benjamim, te sigo Daqui’, no Teatro Ipanema”, revelou.

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