Espetáculo ‘Pança’ faz curta temporada na Baixada Fluminense
A fábula “PANÇA”, que reflete sobre o consumo de notícias no mundo atual, terá duas das sessões na Baixada Fluminense: em Paracambi (08/10, às 16h), e em Japeri (15/10, às 15h)
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Não é raro nos sentirmos perdidos e confusos diante da quantidade de informações a que temos acesso diariamente pelos meios de comunicação e redes sociais. A circulação de notícias, obras e ideias está em profunda transformação no mundo atual, passando por fenômenos como o da “fake news”, mas também ampliando em nível vertiginoso nossa possibilidade de acesso ao conhecimento. Com dramaturgia e direção de Cecilia Ripoll, o espetáculo “PANÇA” constrói uma fábula para tratar da reprodutibilidade da notícia e das falhas da comunicação humana. A partir de 8 de outubro, a peça volta ao cartaz e propõe uma reflexão: quais os efeitos que o poder de circular ideias pelo mundo gera na sociedade? As apresentações serão no Centro Cultural Casa Uivo, em Paracambi (08/10, às 16h); Centro Cultural Código, em Japeri (15/10, às 15h); Biblioteca do Centro Cultural Justiça Federal (22/10, às 16h); Faculdade de Letras da UFRJ (25/10, às 10h) e Sede das Cias (03 a 06/11, às 20h). O espetáculo tem apoio institucional do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.
Com estrutura cômica e farsesca, a peça acompanha a história de um talentoso e endividado escritor que, de seu pequeno vilarejo, escuta falar sobre a mais nova invenção da capital: a famosa máquina de imprensa. Com desejo de ampliar a venda de seu mais recente romance, o autor se endivida ainda mais para conseguir comprar a copiadora mecânica. Cheia de peripécias e reviravoltas, a trama faz referência ao surgimento histórico da máquina de tipos móveis (a primeira versão ocidental de copiadora mecânica), divisor de águas na história da humanidade que permitiu a produção em série dos livros, até então copiados um a um a mão. No elenco, estão Ademir de Souza (Máquina), André Marcos (Escritor), Clarisse Zarvos (Josefina), Diogo Nunes (Rei) e Julia Pastore (Padeiro, Sputnik e Fisco).
“Sem compromissos rígidos em dar conta de contexto ou fatos históricos, a fábula está mais preocupada em se perguntar o que acontece com a sociedade quando surgem avanços que transformam a capacidade de reprodutibilidade de obras e ideias. Como a ampliação dos meios de reproduzir discursos impacta na transformação social e no imaginário dos indivíduos?”, questiona a autora e diretora Cecilia Ripoll. “De uma hora para a outra, ficamos sabendo da opinião de todo mundo sobre todas as coisas. E há uma dificuldade de aceitar que podem existir diferentes narrativas de uma mesma história. A minha aposta é de que um livre invencionismo acerca do passado nos permita construir metáforas para pensar sobre nossos tempos”, acrescenta.
Para criar a dramaturgia, a autora também se inspirou em clássicos como “O inspetor geral”, de Nikolai Gogol; “Arlequim, servidor de dois patrões”, de Carlo Goldoni; e “Galileu Galilei”, de Bertolt Brecht. “São três textos que eu já li várias vezes e que tocam em temas que eu tinha vontade de desenvolver. “Galileu Galilei” me instiga a refletir sobre os artifícios usados por artistas que desejam pesquisar, sem precisarem ficar à mercê de esquemas engessados. “O inspetor geral” é uma peça que deixa em evidência o ridículo do ser humano a partir de um equívoco, revela o patético por trás de algumas instituições e relações de poder. E “Arlequim, servidor de dois patrões” me inspirou no aspecto formal. A estrutura da trama, com encadeamentos muito precisos, me encanta”, explica Cecilia.
PANÇA investe na secura de elementos visuais, tendo como eixo central o jogo entre atores, texto e música: “Em cena, brincamos o tempo todo com a ideia de que mudanças sutis podem criar uma outra narrativa, uma outra ideia. Também investimos em uma linguagem ágil, que busca unir a ideia do antigo com o contemporâneo”, explica Cecilia. Na equipe criativa, também estão Amanda Paiva (codireção), Carlos Alberto Nunes (cenógrafo), Nívea Faso (figurinista) e Ana Luzia de Simoni e Felipe Antello (iluminadores).
Serviço:
Centro Cultural Casa Uivo, em Paracambi: 08/10, às 16h.
Endereço: Rua Farmacêutico Dilon Salgueiro (Beco do Cristiano), 320 – Centro – Paracambi.
Ingressos: Gratuito
Centro Cultural Código, em Japeri: 15/10, às 15h.
Endereço: Rua Davi, 397 – Nova Belém – Japeri
Ingressos: Gratuito