ChatGPT diz inverdades sobre a Baixada Fluminense

O ChatGPT é uma inteligência artificial que empolga especialistas em chatbot desde que foi lançada, no segundo semestre de 2022. É um algoritmo com tecnologia de processamento de linguagem natural usada em diversas áreas. Desenvolvido pela OpenAi, possui modelo ajustado especializado em diálogo e técnicas de aprendizado por reforço. Em outras palavras, uma tecnologia que diversos especialistas julgam ser revolucionária, principalmente para profissionais que usam a linguagem como ferramenta como advogados, professores, profissionais de marketing, jornalistas, escritores, entre outros. Com a chegada ao Brasil, a reportagem do Site da Baixada quis saber: afinal, o que diz a inteligência artificial sobre a Baixada Fluminense?

A primeira pergunta foi direcionada para o conhecimento. O ChatGPT conhece a Baixada Flumineense? A resposta superficial foi uma pequena redação citando corretamente alguns municípios da região e a importância histórica, econômica e cultural da região. Foram mencionados o funk e o samba, além das indústrias. Segundo dados do Sebrae, a Baixada Fluminense possui mais negócios no setor de serviços e comércios. Os desafios para desenvolvimento socioeconômico encerram o pequeno texto genérico.

Já quando questionada sobre a cultura da Baixada Fluminense, a inteligência artificial faz outro pequeno texto citando a música com acréscimo do hip-hop como “expressão da cultura urbana e periférica”. As festas de São Jorge e São Sebastião foram citadas, porém somente a primeira é marcante em Nova Iguaçu, por exemplo. A segunda é relevante na capital já que São Sebastião é o padroeiro da cidade.

O problema acontece mesmo quando o ChatGPT é convocado a ofertar exemplos. No aspecto cultural são citadas as escolas de samba Beija-Flor e Grande Rio, o MC Marcinho, cria de Caxias, e Dj Marlboro como fruto de São João de Meriti. Os registros apontam que o DJ é do Rio de Janeiro.

Na sequência os erros de referência à cultura da Baixada Fluminense são diversos. A inteligência artificial cita o Dream Team do Passinho como criado em Nova Iguaçu quando na verdade é do Rio de Janeiro. Apesar de um membro, o músico Rafael Mike, ser iguaçuano a alegação sobre o grupo não está correta. O texto afirma que a Baixada Fluminense possui tradição no jongo citando a comunidade quilombola São José da Serra, de Valença, cidade localizada no sul do estado. A realidade é que existe comunidade quilombola na região, mais precisamente em Magé. São elas: Bongaba, Feital e Maria Conga.

Sobre escritores, o ChatGPT errou tudo. Atribuiu serem da Baixada nomes como Carolina Maria de Jesus, Ferréz, Luiz Antônio Simas, Marcelo Moutinho, Conceição Evaristo, Geovani Martins e Sergio Vaz. Desses, somente Simas possui relação com a região por ter vivido em Nova Iguaçu. O que conecta todos os outros é a literatura mais suburbana ou periférica. Um senso comum sob um olhar menos específico.

“Peço desculpas pelos erros em minha resposta anterior. Você está correto, São Gonçalo não faz parte da Baixada Fluminense, assim como Poá não está localizada na região do Rio de Janeiro. Também verifiquei que Marcelo Moutinho nasceu no Rio de Janeiro, não em Nova Iguaçu.”

Sobre comunicação, outro elemento simplório. O ChatGPT afirma que a Baixada Fluminense é concentrada na cultura oral, canais de TV e redes sociais. Outra redução preconceituosa creditada ao senso comum. A região não possui um canal de televisão apesar da densidade populacional e da potência produtiva. Apenas o Fala Baixada, transmitido pela CNT de segunda a sexta a partir das 23 horas.

“Uma das características da comunicação na Baixada Fluminense é a forte presença da cultura oral. A tradição oral é muito valorizada na região, e muitas histórias, lendas e tradições são transmitidas de geração em geração através da palavra falada. A música e a poesia também são muito presentes na cultura da Baixada Fluminense e são utilizadas como meio de expressão e comunicação.”

Especialistas afirmam que o ChatGPT é uma ferramenta com poder de utilidade e fonte de criatividade. É mais uma alternativa tecnológica para possível auxílio no desenvolvimento.