Alunos de pós-graduação fazem releitura da bandeira do Brasil para carnaval da Beija-Flor

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Alunos de pós-graduação fazem releitura da bandeira do Brasil para carnaval da Beija-Flor

O carnaval é a paixão que une um grupo de estudantes de pós-graduação em Gestão e Design de Carnaval da Faculdade Censupeg em torno do desfile da Beija-Flor de Nilópolis. É em uma sala ampla e escondida no quarto andar do galpão da azul e branco na Cidade do Samba, na Gamboa, Rio de Janeiro, que o grupo diverso faz a própria história. Guto Cavalcanti, Carolina Furtado Krachinski, Paulinha Lemos, Joyce Maria Pinto, Rodrigo Costa Marques, Jader, Lilian Minduim, Edy e Aline Gama levam referências de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Baixada Fluminense para a construção de uma grande bandeira do Brasil.

Mineiro de Mateus Lemos, região metropolitana de Belo Horizonte, Rodrigo Costa conta que veio para o Rio de Janeiro há 4 meses viver o sonho de desfilar no carnaval. Frequentador das quadras das escolas de samba e do carnaval carioca há 10 anos, Rodrigo conta que assiste os desfiles pela televisão desde criança.

Peguei quatro férias vencidas e vim tentar uma escola pra desfilar. Pela pós nos chamaram pra fazer os estandartes, gostaram do trabalho e aqui estou. Um pedacinho da Beija-Flor estará com a nossa assinatura. Isso é maravilhoso!”

Outra mineira, Liliam Minduim, vive no Rio de Janeiro há 10 anos. Natural de Barroso, no interior de Minas, Lilian é profissional de marketing de eventos e também diretora de uma ala do Império Serrano. O que a levou à Beija-Flor foi a pós-graduação.

“A ideia do André é fazer uma espécie de mosaico com referências de Minas, os tapetes de Corpus Christi. Mesmo com pouco tempo conseguimos inserções de outros grupos, cada um com sua identidade. A ideia era essa: mostrar a pluralidade do nosso país.

A maior parte dos estudantes não possui muito conhecimento sobre a Baixada Fluminense, muito menos sobre Nilópolis. Rodrigo nunca visitou a quadra em Nilópolis e diz que isso mudará ainda neste carnaval. Já Lilian já contribuiu na Renascer de Jacarepaguá e fez paralelos da zona oeste do Rio de Janeiro com a Baixada Fluminense. Segundo a mineira, são regiões cuja população possui necessidades semelhantes e veem no carnaval, no fomento do carnaval, o desenvolvimento cultural e, por consequência, humano.

Outra entrevistada é Cheyene Santos, cria da zona norte do Rio e conhecida como Chey. A jovem é gestora de projetos da Beija-Flor, profissional que conduz a relação entre a turma de pós-graduação e a escola.

“A gente tinha esse projeto da bandeira e entendeu que tinha que ser eles. Primeiro fizeram os estandartes e depois toparam fazer a bandeira.”

Chey conta que o carnaval começou em julho, quando é entregue a sinopse do enredo a ser trabalhado, é o início já da construção do desfile. A confiança, segundo a gestora, é grande. O trabalho árduo está ligado também no nível de confiança com que os profissionais envolvidos na construção do carnaval da Beija-Flor possuem.

“O André e o Louzada estão acreditando muito que a gente vai ganhar. Direção da escola, artistas, pesquisador, todos os profissionais estão confiantes pra esse título!

Segundo Chey, o enredo é muito potente por tocar na questão da parcela dos excluídos na sociedade. São pessoas que muitas classes invisibilizadas pela sociedade e, de acordo com a gestora, a escola traz pro debate como denúncia. A Beija-Flor possui a tradição de desfiles com denúncias sociais. O mais emblemático é o de 1989, “Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia” do saudoso Joãozinho Trinta. É um consenso dentro da escola de que é o papel do enredo colocar o dedo na ferida, de transformar a vida das pessoas.

“Eu me sinto representada nesse enredo. Tanto como Beija-Flor como dentro de qualquer escola de samba, a gente vive isso e entende que é o nosso lugar.”

A bandeira possui 176 metros quadrados com múltiplas artes, camadas, construções e referências de um Brasil extenso e profundo em todas as manifestações. A arte estará presente no quinto carro, o da Dona Romana. De acordo com a turma de pós-graduação, a bandeira não será desfeita ao final do desfile. A ideia é que a arte seja exposta no Museu de Arte Moderna, no Aterro do Flamengo. A Beija-Flor desfilará na segunda-feira (20/02), na Marquês de Sapucaí.

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