Estrelado por Ana Carbatti, “Ninguém Sabe Meu Nome” chega ao Sesc São João de Meriti
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O dilema de uma mãe preta em falar sobre o racismo na sociedade com o filho é o ponto de partida da peça “Ninguém Sabe Meu Nome”, que faz temporada pelo estado do Rio de Janeiro e sobe ao palco do Teatro Sesc São João de Meriti no dia 01 de julho, sábado, às 19h. A produção, aclamada por público e crítica, tem idealização e interpretação de Ana Carbatti, que também assina o texto com Mônica Santana, e direção de Inez Viana e Isabel Cavalcanti. A iniciativa tem apoio e patrocínio do Sesc pelo Edital Pulsar e percorrerá as unidades de Ramos (na capital fluminense), Valença e Barra Mansa.
O monólogo reflete sobre os códigos racistas tácitos da sociedade, seus impasses, impactos e possíveis propostas de reparo. Em meio a isso, o desafio de uma mãe preta de meia idade, Iara, para educar e orientar seu filho pequeno, Menino, diante de uma sociedade que não o reconhece como igual, mesmo em um país, o Brasil, que tem a maior população preta do mundo fora do continente africano. Em cena, Ana Carbatti, de inúmeros papéis no teatro, na televisão e no cinema, se multiplica em muitas vozes e corpos, cujas expressões são as premissas do projeto.
– Da reflexão ao entretenimento, provocando engajamento e empatia, distinguimos o problema do preto e o problema do branco. Iara só quer ter a certeza de que seu filho vai chegar à idade adulta e se tornar um cidadão comum e respeitado. A sua angústia sintetiza a de milhões de mães no Brasil e no mundo – conta a premiada atriz, indicada ao Prêmio Shell e ao APTR pelo papel.
Tudo começa quando ela acorda de um pesadelo onde ocorre o desaparecimento de Menino. A partir daí, começa por questionar sua própria existência e sua função na sociedade, como mulher e mãe: educar seu filho para que se desenvolva como um indivíduo que cresça, floresça e contribua para a sociedade ou despi-lo, ainda em tenra idade, de sua inocência de modo a prepará-lo para o enfrentamento de uma sociedade que não o reconhece como igual. Em uma conversa íntima com o público, ela discorre sobre suas principais angústias, medos e esperanças, falando através de todos os seus sentidos, se expondo e expondo seu corpo tão marcado quanto belo, tão liberto quanto invisível.
– É urgente refletir e falar sobre o racismo no Brasil e sobre a violência que sofre a população preta, grande maioria no país. É fundamental repensar a história brasileira: um país fundado a partir do massacre violento de muitos, por parte de uma elite privilegiada. Nesse momento, em que vivemos um período de retrocesso político atroz, de guerra psicológica, emocional e moral, é fundamental esse debate no teatro, que é o lugar em que a nossa humanidade ainda sobrevive. E onde ainda é possível um diálogo amoroso – ressalta Isabel Cavalcanti.
Sem deixar de lado o humor e a empatia, o espetáculo traz uma reflexão sobre como a sociedade ainda precisa compreender sua responsabilidade e agir para reparar sua dívida histórica com a população preta.
– Promover a presença e o protagonismo pretos é necessário para a construção do que pode(re)mos chamar de identidade brasileira. E só o antirracismo conseguirá nos devolver à humanidade perdida em mais de 300 anos de escravização. Não haverá liberdade enquanto não houver igualdade. Essa peça é uma das mais importantes que já fiz, em quase 40 anos de teatro. É a palavra-semente que precisa ser espalhada pelo mundo – destaca Inez Viana.
Serviço:
“Ninguém Sabe Meu Nome”
Data e horário: dia 01 de julho, sábado, às 19h
Local: Teatro Sesc São João de Meriti – Av. Automóvel Clube, 66 – Centro, São João de Meriti – RJ
Entrada: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
Classificação etária: 12 anos
Duração: 60 min
Gênero: drama