Baixada Fluminense recebe nomes inspiradores das letras e das artes
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A Baixada Fluminense será o palco, a partir desta sexta-feira (15/9), do Palavra Liquida 2023, projeto do Sesc RJ que joga luz sobre novas práticas textuais que estão transformando a noção de autoria, de leitura e de escrita a partir de temáticas relevantes na cultura brasileira. Assim como nas edições anteriores – esta será a oitava –, a programação deste ano envolve diversas linguagens artísticas, com destaque para a literatura e sua relação com artes visuais, dança, audiovisual, música e o teatro.
As atividades gratuitas se estendem até o dia 24 deste mês e acontecem nas unidades do Sesc em Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti, além da Casa e Cultura de Nova Iguaçu, que recebe atividades formativas para além das datas de realização do evento, por exemplo, com a jornalista Estela Lapponi, performer e videoartista paulistana (confira abaixo a programação completa). Nesta edição, o projeto traz como tema a “Poética dos Sentidos” e apresentará ao público atividades que em seu conteúdo ou em seu formato problematizam a definição comum de “sentidos” e abordam a questão da acessibilidade.
“É possível apreender o mundo de outras maneiras, para além do que está estabelecido no senso comum para cada um dos cinco sentidos? É possível ouvir música, ver uma exposição, assistir a uma peça de teatro ou a um filme, ler um livro de uma forma outra, não cristalizada na rotina do hábito? São perguntas como estas que propomos para o Palavra Líquida 2023 e que representam a tônica curatorial”, diz Moisés Nascimento, analista de Literatura do Sesc RJ.
Confira, abaixo, alguns destaques e a programação completa, também disponível em www.sescrio.org.br.
Silvio Tendler e a produção de curtas-metragens de impacto social
Um dos destaques da programação é o cineasta Silvio Tendler, com a oficina “Minha vida de cadeirante”. O artista, cadeirante há 11 anos, irá capacitar jovens a produzir curtas-metragens documentais de grande impacto social. O projeto mostra como ferramentas e tecnologias podem ser adaptados para a realidade das pessoas com deficiência de forma prática e acessível.
Teresa Cárdenas e o renascimento através da escrita
A escritora cubana Teresa Cárdenas participa da conferência “Renascendo enquanto escrevo”. Ela vai propor uma reflexão sobre como renascer através da escrita é também aprender novamente a sentir as emoções que atravessam os modos de existência. A escritora, roteirista, atriz, bailarina e ativista social é autora de “Cachorro Velho”, um retrato da escravidão no território cubano que lhe rendeu o Prêmio Casa de las Américas.
Leo Castilho e a poesia em língua de sinais
O slammer Leo Castilho dividirá palco, em conferência, com a escritora cubana e conduzirá o slam do corpo, um espaço de estudos e criação para intercâmbio entre poetas surdos e ouvintes. O público poderá participar de oficina em que aprenderá a traduzir poesias para Libras (Lingua Brasileira de Sinais). Desde 2017, o artista, que é surdo, interpreta em Libras e dança shows do Rock in Rio.
Ricardo Aleixo, o multiartista em isolamento social
O poeta multiartista mineiro Ricardo Aleixo compartilhará com o público a experiência vivida no contexto da pandemia, em 2020, caracterizada por uma vasta produção artística e pela chegada dos seus 60 anos. O artista organizou livros, preparou um memorial artístico, produziu podcast e gravou em vídeo diversas performances em que traduz poesia em manifestação corporal.
Os desafios da escritora e curadora cega Maria Carvalhosa
Outro destaque da programação é Maria Stockler Carvalhosa, com a conferência “Deficiência e Memória Protética”. Aos 21 anos, a escritora e curadora da editora de audiolivros Supersônica apresentará suas lições apreendidas com a cegueira que lhe acompanhas desde os 13. Ela se considera “meio pessoa-computador-cachorro, com dois corações, dois nervos opticos atrofiados e um leitor de tela”.