Número de candidatos LGBTIA+ às eleições municipais é o maior já representado no país

Apesar do aumento, a Baixada Fluminense segue com um percentual pequeno de candidaturas; apenas 0,92%

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Número de candidatos LGBTIA+ às eleições municipais é o maior já representado no país
O "Encontro LGBT em Comunidades" tem como objetivo aprofundar o debate entre o poder público e a sociedade civil sobre temas relacionados à cidadania da população LGBT Tânia Rêgo/Agência Brasil

O "Encontro LGBT em Comunidades" tem como objetivo aprofundar o debate entre o poder público e a sociedade civil sobre temas relacionados à cidadania da população LGBT Tânia Rêgo/Agência Brasil

As eleições municipais deste ano já estão marcadas pelo recorde de candidatos aos cargos de vereador e prefeito nas 5.570 cidades brasileiras. Ao todo, 557.346 pessoas concorrem a vagas nas câmaras municipais. Um marco importante é que, deste número, cerca de 539 candidatos pertencem à comunidade LGBTIA+ ou são aliados à causa, de acordo com dados apurados por organizações.

Um levantamento apresentado pela Aliança Nacional LGBTI+, através do programa Voto com Orgulho, revelou que 288 candidaturas estão espalhadas pelo país. Dessas, 259 são postulantes para as vagas de vereadores, 22 para prefeitos e 7 para vice-prefeitos. Os estados com maior números de candidatos são: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Na Baixada Fluminense, apenas as cidades de São João de Meriti (dois candidatos) e Duque de Caxias (um candidato) figuram na lista.

Outra pesquisa apresentada foi da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) que mapeou candidaturas de travestis, mulheres trans, homens trans e pessoas com outras identidades trans. Os números apontam que 288 pessoas (sendo 27 candidaturas coletivas) estão na disputa eleitoral esse ano. Um salto de 209% se comparado com 2016, quando foram 89. A pesquisa foi feita em 25 estados brasileiros. Mais uma vez, apenas dois municípios da Baixada Fluminense têm representantes LGBT: Queimados (uma candidata) e Duque de Caxias (duas candidatas). Com a soma dos dados das duas pesquisas, o percentual de candidaturas dessa população na Baixada atinge, apenas, 0,92%.

Para a historiadora, cientista política e diretora da ong Casinha, Lorena Miguel, o aumento de candidaturas LGBTIA+ no país pode se justificar por dois fatores. “Estamos cada vez mais num acirramento político, onde a questão LGBT, principalmente de sexualidade, expressão e identidade de gênero é colocado em destaque, principalmente um discurso contrário, oposto a expansão dos direitos e cidadania dessas pessoas, então o campo político é percebido como um espaço de disputa em defesa desses direitos. O segundo motivo que eu daria é que apesar de vivermos em uma sociedade com confrontos abertos, existe uma maior aceitação, mais pessoas se assumindo, trazendo essa identidade como algo central. A gente não sabe o número de políticos LGBT que existiam antes, que não eram assumidos. A questão não é o número, é a evidência dessas identidades, desses marcos e trazer isso para o campo político como motivo de voto, assim como o gênero e raça. Quem nós somos influencia as políticas e pautas que defendemos”, destacou.

O levantamento das organizações teve que ser feito com base em pesquisas e consultas, já que nem o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nem os partidos políticos oferecem essas informações no registro eleitoral. Em contrapartida, o crescimento do número de candidatos LGBTIA+ vem acompanhado do aumento de casos de transfobia. O último boletim divulgado pela Antra apontou 129 assassinatos de pessoas trans nos oito primeiros meses de 2020, um aumento de 170% se comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizadas 76 mortes. O relatório apresentado pelo Grupo Gay da Bahia aponta ainda que, a cada 23 horas, uma pessoa morre vítima de lgbtfobia no Brasil.

Para pesquisar um candidato e avaliar se dentre o plano de governo existem propostas de políticas públicas para a população LGBTIA+, acesse https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/.

Foto de capa: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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