Escolas localizadas em ilhas de calor expõem injustiça climática no Rio

Levantamento da Casa Fluminense aponta que 60% das escolas municipais da Região Metropolitana do Rio de Janeiro se encontram em áreas com temperatura média acima de 32ºC

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#calor #Casa Fluminense

Escolas localizadas em ilhas de calor expõem injustiça climática no Rio

Verão após verão é evidenciado a urgência de um debate sério sobre o calor extremo, que persiste mesmo em outras estações e impacta desproporcionalmente a população da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Em meio a essa injustiça climática, as escolas públicas da metrópole do Rio enfrentam um estado de calamidade, onde mais de 60% das escolas municipais estão localizadas em ilhas de calor, segundo dados do Painel Climático, plataforma de monitoramento sobre a crise climática da metrópole.

São consideradas ilhas de calor áreas territoriais onde a temperatura média ultrapassa os 32ºC. Segundo o levantamento da organização, das 2.914 unidades escolares existentes em toda a metrópole do Rio, há pelo menos 1.820 unidades de ensino expostas ao calor extremo acima dessa temperatura. A pesquisa da Casa Fluminense indicou também que, nos municípios de Tanguá, Rio Bonito, Guapimirim, Japeri, Mesquita e Nova Iguaçu, mais de 80% das escolas estão localizadas em ilhas de calor — situação é ainda mais crítica em Queimados, onde 33 das 34 escolas municipais enfrentam temperaturas médias superiores a 32°C.

Além disso, segundo o Mapa da Desigualdade 2023, também desenvolvido pela Casa Fluminense, em 20 dos 22 municípios da Região Metropolitana há pelo menos uma escola pública sem acesso à água, energia, esgoto e/ou alimentação, agravando ainda mais a vulnerabilidade dos estudantes diante do calor extremo causado pela crise climática. Os números são alarmantes, por isso, além de expor o cenário crítico enfrentado pelas escolas públicas, o documento foi apresentado no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) exigindo a implementação de planos urgentes de adaptação e mitigação climática para o setor educacional, entre outras políticas ambientais ao nível metropolitano e estadual.

Na última semana, estudantes do grêmio estudantil, junto da Casa Fluminense, o Instituto Alana, o WWF-Brasil, a Frente Parlamentar por Justiça Climática do Rio de Janeiro e a Rede por Adaptação Antirracista, oficializaram uma denúncia no MPRJ, evidenciando como o calor extremo tem prejudicado milhares de alunos de escolas públicas da metrópole e cobrando por ações de adaptação e mitigação para lidar com essa realidade. A coordenadora de informação da Casa Fluminense, Luize Sampaio, explicou sobre a urgência do avanço da gestão pública no tema.

“Além dos dados e mapas, o Painel Climático da Casa Fluminense mostra também que nem o governo estadual do Rio, nem 20 das 22 prefeituras da metrópole fluminense possuem planos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Entre as enchentes e ondas de calor, estão nossos alunos, professores e merendeiras, entre outros profissionais da educação. Enquanto as gestões não centralizarem o clima como pasta principal dos seus governos, vamos continuar fomentando ambientes hostis e insalubres. Precisamos de Secretarias de Clima municipais e estadual, para transversalizar estratégias e políticas públicas de adaptação e mitigação para os nossos territórios. A garantia de futuro depende de agirmos agora”, resumiu Luize Sampaio, coordenadora de Informação da Casa Fluminense.

Com a apresentação da denúncia ao Ministério Público do Rio, as organizações e estudantes envolvidos na ação esperam que medidas concretas sejam tomadas para enfrentar essas urgências e garantir condições adequadas de aprendizado e bem-estar nas escolas. Através da Agenda Rio 2030, a Casa Fluminense também incide sobre a criação de Secretarias Municipais do Clima, uma das propostas de políticas apresentadas na publicação, que incentiva o processo de adaptação e mitigação às mudanças climáticas nas cidades e no enfrentamento ao racismo ambiental.

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