O perigoso cemitério de fios nos postes da Baixada Fluminense
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Por Thiago Kuerques
Os fios que conectam, que tanto apresentam aos olhos o avanço da tecnologia também apresentam o retrocesso com que as gestões pública e privada lidam com as manutenções da rede elétrica na Baixada Fluminense. Há algum tempo moradores de Seropédica, Queimados, Japeri e Nova Iguaçu convivem com a imagem desconfortável dos fios soltos dos postes e da rede elétrica. Fios soltos também são perigosos para quem não consegue desviar.
Em Nova Iguaçu, nos bairros do Centro, Califórnia, Vila Nova, Jardim Tropical e Rancho Novo, os fios soltos se acumulam nos postes ou até espalhados pelo chão. A reportagem buscou contato com a concessionária de energia, Light, para maiores esclarecimentos.
Segundo a assessoria de imprensa da Light, a rede elétrica da empresa costuma ficar na parte alta dos postes e a fiação que fica na parte baixa pertence à outras companhias, como as de telefonia e de TV a cabo, por exemplo.
“Estas empresas costumam deixar nos postes ‘reservas técnicas’ de sua fiação, que são rolos de cabos extras que, geralmente, ficam embolados, ou enrolados”
De acordo com a Anatel, os postes instalados nas cidades são concessões públicas com licença para exploração por distribuidoras de energia elétrica. Há a concessão de que empresas de telecomunicação possam utilizar os postes para uso compartilhado. No entanto, a manutenção defasada encontra brecha entre o uso das empresas de energia elétrica e empresas de telecomunicações. O popular “jogo de empurra”.
Outro indício do tipo de fiação é o de que esses fios permanecem enrolados, escapando pelos postes até o chão e soltos no meio da fiação entre postes. O Site da Baixada tentou contato com operadoras de telefonia e internet como Oi, Claro, Vivo, Tim e não obteve retorno. A situação não é exclusividade da Baixada Fluminense. Há registros em diversas cidades do país. No estado de São Paulo os moradores da cidade de São Sebastião, de Caraguatatuba, realizaram as mesmas reclamações para o poder público com o intuito de que houvesse alguma resolução.
Os fios podem ser restos de instalações trocadas por outras novas. O técnico José (nome fictício para proteger o anonimato), de Nilópolis, é ex-funcionário de empresa de telefonia e afirmou que muitas instalações são renovadas – como internet de banda larga por internet de fibra – e as instalações antigas não são retiradas. Outra informação importante é de que fios de instalações elétricas possuem cobre, enquanto fios de telefonia, por exemplo, possuem outros materiais. No entanto, a reportagem apurou que algumas sobras são de cobre. São consequências dos furtos de cabos de cobre, muito comum na Baixada Fluminense.
A pergunta é: o que fazer com o cemitério de fios pendurados pelos postes da Baixada Fluminense? As prefeituras podem realizar operações para retiradas desses fios. Em 2022 a prefeitura do Rio de Janeiro realizou a operação Caça-Fios, uma força tarefa através da Rio Luz para retirada desses fios desordenados. Em Nova Iguaçu o cidadão pode enviar reclamação para [email protected] ou no telefone (21) 3779-1108. Em Seropédica o telefone é (21) 2682-2227. Em Queimados o telefone indicado é o da Defesa Civil, 199. Em Japeri o contato é (21) 98202-0987.