Tarifas de Trump: entenda como os supermercados brasileiros podem ser afetados com o aumento dos impostos nos EUA

Nova taxação dos Estados Unidos pode encarecer alimentos, insumos e impactar os preços nas prateleiras dos supermercados brasileiros

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#Impostos #internacional

Tarifas de Trump: entenda como os supermercados brasileiros podem ser afetados com o aumento dos impostos nos EUA

A recente decisão de Donald Trump de impor tarifas de 10% a todos os produtos importados pelo mercado norte-americano colocou em alerta o setor econômico brasileiro. Embora as taxas tenham como foco as exportações, os efeitos podem ser sentidos dentro do Brasil, inclusive nas prateleiras dos supermercados. Entre aumento de custos de produção, impacto nos alimentos e possíveis retaliações do governo brasileiro, a medida promete movimentar a economia nos próximos meses.

Nesta reportagem, explicamos o que são essas tarifas, quais produtos brasileiros estão diretamente envolvidos, como os supermercados podem ser afetados e o que pode acontecer com os preços pagos pelos consumidores. Especialistas analisam os riscos e apontam caminhos para que o setor varejista minimize os impactos.

Entenda a medida anunciada por Trump

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a aplicação de uma tarifa de 10% sobre todos os produtos importados pelo país, incluindo os vindos do Brasil. A decisão faz parte de uma política comercial voltada ao protecionismo e à tentativa de fortalecimento da indústria americana, mas que pode gerar efeitos colaterais em outras economias, como a brasileira.

Na prática, a medida torna mais caros os produtos brasileiros no mercado americano. E, mesmo sendo uma ação voltada à exportação, o impacto pode se refletir dentro do Brasil, especialmente no setor de supermercados.

Quais produtos brasileiros serão afetados?

Segundo dados do governo federal, os Estados Unidos foram destino de diversas exportações brasileiras em 2024. Entre os principais produtos vendidos para os norte-americanos estão óleos brutos de petróleo, minério de ferro, café em grão, carne bovina congelada e produtos químicos. A nova tarifa de 10% se aplicará sobre todos esses itens.

Embora muitos desses produtos sejam voltados ao mercado industrial ou energético, os alimentos e produtos agrícolas também fazem parte da lista, o que pode interferir nos preços do setor alimentício no Brasil.

Veja os 10 principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA em 2024:

  • Óleos brutos de petróleo
  • Produtos semimanufaturados de ferro ou aço
  • Café em grão (não torrado)
  • Pastas químicas de madeira
  • Ferro fundido bruto
  • Aviões e veículos aéreos
  • Gasolinas (exceto para aviação)
  • Veículos aéreos a turbojato
  • Carnes bovinas congeladas
  • Produtos semimanufaturados de ligas de aço

Como isso pode chegar até o consumidor brasileiro?

O consultor econômico da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ), William Figueiredo, explica que, a princípio, os preços nas gôndolas brasileiras não devem mudar de imediato. Mas, segundo ele, tudo pode depender da reação do Brasil.

Se o governo brasileiro decidir responder com novas tarifas para produtos norte-americanos, isso pode elevar os custos de importação de insumos e matérias-primas industriais, como embalagens e componentes de transporte. Com isso, o custo da produção e da logística no país aumentaria — e esse valor extra pode ser repassado aos consumidores, principalmente nos supermercados.

Estratégias para o varejo se proteger

Para o professor Ricardo Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os supermercados devem buscar estratégias para se proteger de possíveis aumentos de custos. Ele sugere que o setor invista na diversificação de fornecedores e mercados, ajustando margens e priorizando marcas próprias, que costumam ser mais acessíveis e menos dependentes de insumos importados.

“O ideal é que o supermercado avalie como manter sua competitividade sem transferir todo o peso do aumento ao consumidor final”, afirma o especialista.

O que já está em vigor?

As novas tarifas dos EUA entram em vigor no sábado, dia 5 de abril, à 0h01 (horário de Brasília). A partir de quarta-feira, dia 9 de abril, também às 0h01, está prevista a implementação de tarifas recíprocas por parte do governo brasileiro. Ainda não se sabe se essas tarifas atingirão os produtos ligados ao setor alimentício, como carnes, bebidas e produtos agrícolas, mas a possibilidade está em debate.

Até o momento, a Casa Branca informou que produtos como automóveis, aço, alumínio, cobre e madeira não foram incluídos nesta primeira fase da taxação. No entanto, há expectativa de tarifas futuras sobre produtos farmacêuticos, minerais e semicondutores.

Resposta do governo brasileiro

O governo Lula divulgou nota lamentando a decisão dos EUA. Segundo o Itamaraty, o país está aberto ao diálogo, mas já estuda medidas de resposta, inclusive acionando a Organização Mundial do Comércio (OMC). Além disso, o Senado e a Câmara aprovaram uma lei de reciprocidade econômica que autoriza o Brasil a agir de forma proporcional contra países que adotarem barreiras comerciais unilaterais.

De acordo com o governo brasileiro, os EUA tiveram um superávit comercial de US$ 28 bilhões com o Brasil em 2024, o terceiro maior entre todos os parceiros americanos. Isso indica que os Estados Unidos lucram mais vendendo para o Brasil do que o contrário, o que pode justificar a busca por equilíbrio nas relações comerciais.

Dicas finais

Apesar de o impacto direto ainda não estar claro, a tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos pode gerar efeitos indiretos importantes na economia nacional. Supermercados podem enfrentar aumento no custo de insumos, e o consumidor, principalmente das regiões periféricas como a Baixada Fluminense, pode sentir no bolso caso os preços dos alimentos subam.

Acompanhar as próximas decisões do governo federal e das entidades do setor varejista será fundamental para entender como a política internacional pode afetar o dia a dia de quem faz compras no mercado. Enquanto isso, estratégias de consumo consciente e preferência por produtos locais podem ser boas saídas para enfrentar possíveis mudanças nos preços.

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