O Setembro Amarelo e a importância da saúde mental na Baixada Fluminense

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O Setembro Amarelo e a importância da saúde mental na Baixada Fluminense

O sujeito está cabisbaixo e introspectivo no canto do pátio da escola na hora do recreio. Ou na reunião de família. Ou na hora da confraternização no ambiente de trabalho. Esse é um estereótipo do que muitas pessoas enxergam como manifestação de um quadro depressivo. Segundo a psicóloga Elisa Fernandes, não há um rótulo que esteja exposto no rosto do indivíduo sobre essas questões. As pessoas estarem exercendo suas atividades com aparente normalidade não pode ser parâmetro para a conclusão de que esteja tudo bem com a saúde mental delas. As pessoas podem trabalhar sem ânimo, podem não estar exercendo suas atividades com astúcia natural, mas ainda assim seguem com suas atividades cotidianas.

Segundo o psicólogo Fernando Botelho, a campanha do Setembro Amarelo pode ser pensado como um alarme que vai tocar ao amanhecer para te lembrar de um compromisso. Com a campanha, que visa a conscientização sobre a prevenção do suicídio, o assunto entra no centro do debate.

A campanha foi criada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em 2015 com a ideia de relacionar o mês de setembro com o amarelo marcando o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10 de setembro). Monumentos e locais marcantes no Brasil como o Cristo Redentor e o Congresso Nacional são iluminados com o amarelo no mês de setembro para trazer visibilidade ao tema.

Segundo a psicóloga Juliana Sarellas, é necessário pensar a temática do suicídio como multifatorial. Significa que não é possível tratar o tema baseado em um único fator e em uma única circunstância. O morador da Baixada vive uma dinâmica social muito distinta, sobretudo se for um morador de classe média ou classe baixa.

“Não há indivíduo em sofrimento descolado de seu contexto sociocultural e econômico. A realidade em que o indivíduo está inserido interfere diretamente em sua saúde mental. Individualizar essa questão serve às estratégias de controle para que o status quo social seja preservado.”
(Juliana Sarellas)

É comum o pensamento de que pequenas compensações do cotidiano sirvam para substituir um acompanhamento profissional. Academia, barzinho, futebol de fim de semana, culto, missa, encontros, papo com parceiro ou parceira, compras no shopping, viagem e jogos entram nessa circunstância. Segundo a psicóloga Elisa Fernandes, “apesar dessas e tantas outras práticas serem importantes, inclusive para a manutenção da saúde mental de cada um, com variados graus de importância pra cada sujeito, não são coisas que substituem a terapia.”

“Acho a campanha importante por tratar da prevenção do suicídio como assunto que realmente deve ser falado, já que por muito tempo a saúde mental foi (e ainda consigo ver que é) tratada como tabu, então informações acerca de tratamentos e centros de acolhida e informações gerais acerca do suicídio, depressão e afins são importantes.”
(Elisa Fernandes)

Segundo psicólogo Fernando Botelho Junior, na Baixada Fluminense não há muitos movimentos que tratam da prevenção ao suicídio. Algumas ações pontuais foram realizadas de divulgação da campanha do Setembro Amarelo são realizadas por shoppings centers, estabelecimentos comerciais e grupos culturais. O psicólogo afirma baseado nos pacientes que frequentam seu consultório que “se comparado a condição de saúde da maioria das pessoas, temos uma população bastante vulnerável, com desentendimento familiar, com preconceitos, situação financeira [precária]”.

A psicóloga Elisa Fernandes afirma que devemos considerar que saúde mental abrange todos os aspectos biopsicossociais do indivíduo e, portanto, é necessária a existência de políticas públicas voltadas para a saúde. Fernandes acredita que a Baixada carece de políticas públicas voltadas para educação, lazer, entre outras, que promovam saúde e, consequentemente, se relacionem com a prevenção do suicídio, da depressão, e outros. O Sistema Único de Saúde (SUS) foi citado pelas psicólogas Elisa Fernandes e Juliana Sarellas como fundamental para aplicação de políticas públicas e apontado como importante a defesa e o apoio ao sistema público de saúde brasileiro.

Sarellas e Botelho acreditam que a campanha está mais presente nas redes sociais. Segundo Juliana Sarellas, há um grande e notório movimento de utilizar-se dessa campanha em prol dos interesses econômicos e sociais. Mas é preciso ter cuidado com a autopromoção profissional em cima dessa temática. Segundo Fernando Botelho, é nas redes sociais que o setembro amarelo fica mais forte em grupos específicos, de saúde mental e poderia trazer proporções maiores.

O psicólogo Fernando Botelho afirma que o acolhimento também fora do espaço de saúde pública pode existir. É a dinâmica do acolhimento, da escuta, do que o outro tem a dizer. Segundo Sarellas, o debate que deve ganhar visibilidade a todo momento e que não deve ser deturpado.

A campanha do Setembro Amarelo sobre prevenção do suicídio é uma das medidas acerca da saúde metal da população brasileira. O cuidado com a saúde é imprescindível seja morador da Baixada, seja carioca, seja de outro lugar. Na Baixada de tantos amores e dores é preciso olhar para si. Em todo caso, é sempre recomendável a busca por atendimento profissional.

Serviço:
ELISA FERNANDES: CRP 05/66184 / Contato para atendimento / Instagram: @elisafernandespsi/ / E-mail: [email protected]
JULIANA SARELLAS: CRP 05/65506 / Contato: linktr.ee/psicologajulianasarellas / Instagram: @psicologajulianasarellas/
FERNANDO BOTELHO: CRP 05/55115 / Tel. 21 96532-2700 / [email protected]

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