Balas perdidas fazem 100 vítimas no Grande Rio em 2021

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Balas perdidas fazem 100 vítimas no Grande Rio em 2021

Não há lugar, nem horário para a violência armada fazer vítimas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 100 pessoas foram atingidas por balas perdidas só este ano, segundo mapeamento divulgado pelo Instituto Fogo Cruzado. Pode haver muita coisa em comum na história de cada uma destas pessoas, mas certamente o que as une aqui é a triste estatística que traumatizou ou interrompeu a vida delas. Este ano, a marca foi alcançada na tarde do dia 16 de outubro, quando duas pessoas foram vítimas de bala perdida em Vigário Geral, durante perseguição policial pela Avenida Brasil.

A média é de 10 vítimas de bala perdida por mês, em 2021, período que já contabiliza 23 mortos e 77 feridos em situações em que as vítimas não tinham nenhuma ligação, participação ou influência com a ocasião em que foram alvo dos disparos de arma de fogo.

Mas este tipo de violência afeta a população de diferentes formas, sendo a bala perdida somente um elemento de uma série de outros desrespeitos. As operações e ações policiais pouco planejadas, por exemplo, são parte do problema, além de afetarem de muitos modos a rotina de moradores do Grande Rio.

Nestes momentos, as ruas são fechadas, a circulação do transporte público é suspensa suspensa, aulas são canceladas e trabalhadores precisam justificar ausências e atrasos no trabalho. A bala perdida é a consequência cruel para quem estava no lugar errado e na hora inadequada, como no caso das ações e operações policiais que resultaram em 53 baleados este ano. Um relatório produzido pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2019, mostrou que 92% dos moradores do Rio de Janeiro têm medo de serem vítimas ou de terem um parente atingido por bala perdida.

O pior é que ninguém está a salvo, nem mesmo os mais frágeis. Prova disso é que só em 2021, cinco crianças* e cinco adolescentes** foram atingidos por balas perdidas. Os números chamam ainda mais atenção quando se trata de idosos. Dos 21 baleados este ano, mais da metade dos que tinham idade a partir de 60 anos foram vítimas de bala perdida na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foram 12 vítimas.

Os homens foram os mais afetados, representando 58% dos atingidos (58). As mulheres foram 38% (38). Somente quatro vítimas não tiveram o gênero identificado.

Quem sobrevive, além das marcas físicas, é obrigado a conviver com a insegurança de circular pela região que sempre esteve habituado, além de estar suscetível a uma série de transtornos mentais, com quadros como depressão, ansiedade e síndrome do pânico. As manifestações mais graves, no entanto, estão associadas aos casos de estresse pós-traumático, bem comum em situações de guerra, mas que aparece também em cidades com altos índices de violência incluindo tiroteios inesperados, como os que ocorrem no Rio de Janeiro.

Locais mais afetados

O Leste Metropolitano – que reúne os municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Cachoeira de Macacu e Tanguá – concentrou 48 dos baleados, o que representa 48% das vítimas. Em seguida, vieram Zona Norte (29), Centro (9), Zona Oeste (7), Baixada Fluminense (5) e Zona Sul (2).

Entre os municípios que fazem parte da Região metropolitana do Estado, os afetados foram Rio de Janeiro (47), São Gonçalo (43), Niterói (4) e Belford Roxo (2). Os municípios de Duque de Caxias, Mesquita, Maricá e Queimados tiveram uma vítima de bala perdida cada.

SOBRE O FOGO CRUZADO

O Instituto Fogo Cruzado usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida.

Com metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da Instituição produz mais de 20 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife e, em breve, em mais cidades brasileiras.

Por meio de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real. Elas estão disponíveis no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto.

Foto de KoolShooters no Pexels

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