Zona Norte do Rio concentrou 36% dos baleados em maio

Em maio, a Zona Norte concentrou o maior número de pessoas baleadas na região metropolitana do Rio. Foram 31 mortos e 19 feridos na região. Ao todo, das 138 pessoas baleadas na região metropolitana do Rio, 36% foram atingidas na Zona Norte, o que significa que, em média, a cada três pessoas baleadas no Grande Rio, uma foi atingida na região. Os números fazem parte do relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado.

A região também ficou em primeiro lugar no número de tiroteios. A distribuição da violência armada entre elas ficou da seguinte forma:

• Zona Norte (Capital): 115 tiroteios, 31 mortos e 19 feridos

• Zona Oeste (Capital): 66 tiroteios, 12 mortos e 14 feridos

• Baixada Fluminense: 49 tiroteios, 16 mortos e 24 feridos

• Leste Metropolitano: 14 tiroteios, 7 mortos e 11 feridos

• Centro (Capital): 7 tiroteios e 2 mortos

• Zona Sul (Capital): 3 tiroteios e 2 mortos

“A falta de um plano de segurança focado em inteligência e que priorize a vida ao invés do confronto faz aumentar a violência na Zona Norte, e os dados do relatório do Fogo Cruzado mostram isso. A Zona Norte é uma região de concentração de desigualdades, mantidas através da alta repressão policial. É preciso mudar essa realidade e só um plano de segurança pública pode diminuir esses indicadores”, avalia Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro.

O mês em dados

Em maio, a região metropolitana do Rio de Janeiro concentrou 254 tiroteios/disparos de arma de fogo, indica o relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado. O número revela queda de 17% nos registros em comparação com o mesmo mês de 2023, que concentrou 307 tiroteios.

Entre os 254 tiroteios ocorridos no mês, 38,5% deles (98) se deram em ações e operações policiais. Em maio de 2023, dos 307 tiroteios, 42% deles (130) ocorreram em ações e operações policiais.

Ao todo, 138 pessoas foram baleadas na região metropolitana do Rio: 70 morreram e 68 ficaram feridas. O número de mortos indica queda de 32% e o de feridos, de 15% em comparação com maio de 2023, que acumulou 183 baleados: 103 mortos e 80 feridos.

Entre as 138 pessoas baleadas em maio deste ano, 64% delas (88 vítimas) foram atingidas durante ações e operações policiais: 39 morreram e 49 ficaram feridas. Em maio de 2023, entre as 183 pessoas baleadas, 61% (111 vítimas) foram atingidas durante ações e operações policiais: 42 morreram e 69 ficaram feridas.

Maio teve aumento de 26% nos tiroteios, aumento de 17% no número de mortos e aumento de 6% na quantidade de feridos em comparação com o mês de abril, que acumulou 201 tiroteios, 60 mortos e 64 feridos.

Entre os dias mais afetados pela violência armada em maio, os dias 2, 14 e 24 acumularam o maior número de tiroteios (6). Os dias 24 e 31 acumularam o maior número de mortos (6) e o dia 17, o maior número de feridos (7).

O mapa da violência armada

Municípios

Entre os municípios mais afetados pela violência armada ao longo de maio foram:

• Rio de Janeiro: 191 tiroteios, 47 mortos e 33 feridos

• Belford Roxo: 10 tiroteios, 5 mortos e 7 feridos

• São João de Meriti: 10 tiroteios e 2 feridos

• Duque de Caxias: 9 tiroteios, 3 mortos e 5 feridos

• São Gonçalo: 7 tiroteios, 3 mortos e 4 feridos

Bairros

Entre os bairros, os mais afetados pela violência armada foram:

• Costa Barros (Rio de Janeiro): 12 tiroteios e 3 feridos

• Itanhangá (Rio de Janeiro): 11 tiroteios e 1 ferido

• Vila Isabel (Rio de Janeiro): 10 tiroteios

• Maré (Rio de Janeiro): 8 tiroteios e 2 mortos

• Rocha Miranda (Rio de Janeiro): 7 tiroteios e 3 mortos

• Cidade de Deus (Rio de Janeiro): 7 tiroteios e 1 ferido

O perfil da violência armada

12 pessoas foram baleadas durante roubos/tentativas de roubo: cinco morreram e sete ficaram feridas. Em maio de 2023, 26 pessoas foram baleadas durante roubos/tentativas de roubo: 12 morreram e 14 ficaram feridas.

Em maio deste ano, duas crianças foram baleadas: uma morreu e outra ficou ferida. No mesmo período de 2023, não houve crianças baleadas.

Cinco adolescentes foram baleados na região metropolitana do Rio: três morreram e dois ficaram feridos. Em maio de 2023, cinco adolescentes foram baleados: um morreu e quatro ficaram feridos.

Um idoso foi morto a tiros em maio. No mesmo período de 2023, quatro idosos foram baleados: dois morreram e dois ficaram feridos.

Nove pessoas foram vítimas de bala perdida no Grande Rio em maio: quatro morreram e cinco ficaram feridas. Entre as nove vítimas, cinco foram atingidas em ações e operações policiais: duas morreram e três ficaram feridas. Em maio de 2023, 16 pessoas foram vítimas de balas perdidas: cinco morreram e 11 ficaram feridas. Entre as 16 vítimas, 13 foram atingidas durante ações e operações: cinco morreram e oito ficaram feridas.

Sete agentes de segurança foram baleados na região metropolitana do Rio em maio deste ano: quatro morreram (todos de fora de serviço/de folga) e três ficaram feridos (dois em serviço e um fora de serviço/de folga). Em maio de 2023, 11 agentes de segurança foram baleados na região metropolitana do Rio: quatro morreram (dois em serviço e dois fora de serviço/de folga) e sete ficaram feridos (todos em serviço).

Houve ainda cinco chacinas que resultaram na morte de 18 civis. Três destas chacinas ocorreram em ações e operações policiais, deixando 12 civis mortos. Em maio de 2023, houve quatro chacinas na região metropolitana do Rio que deixaram 15 mortos. Entre as quatro chacinas, duas ocorreram durante ações e operações policiais, deixando nove mortos no total.

Acumulado do ano

Em 2024, entre janeiro e maio, houve 1.130 tiroteios/disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio de Janeiro, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. 360 destes registros ocorreram durante ações/operações policiais. Ao todo, 593 pessoas foram baleadas neste período, das quais 313 foram mortas e 280 ficaram feridas.

Comparado ao mesmo período de 2023 – que concentrou 1.485 tiroteios, sendo 580 em ações/operações policiais, e 948 pessoas baleadas, sendo 483 mortas e 465 feridas –, o ano de 2024 apresenta até agora queda de 24% nos tiroteios; o número de tiroteios durante ações/operações policiais teve queda de 38%; o número de mortos teve queda de 35%; e o número de feridos, queda de 40%.