Baixada Fluminense passa de 200 óbitos por Covid-19, aponta Estado
Um mês e meio foi suficiente para o Coronavirus deixar rastro de vítimas fatais na região
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Por Wesley Brasil
A pandemia do Coronavirus continua avançando na Baixada Fluminense, deixando um rastro de mais de duzentas mortes de acordo com os dados fornecidos pela Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. São quase dois mil casos confirmados na região, onde doze das treze cidades da região já registraram óbitos.
Quanto maior é a cidade, maior é o problema – apontam os números. As três cidades com mais habitantes lideram também os casos: Duque de Caxias (484), Nova Iguaçu (435) e São João de Meriti (225). No entanto, o número de óbitos de Duque de Caxias é desproporcionalmente maior, chegando a 84 – o que colocou a cidade no noticiário nacional após o acúmulo de corpos de pessoas vítimas de covid-19 nos corredores do Hospital Municipal Moacyr do Carmo, durante o último fim de semana de abril. Pelo menos 15 corpos estariam no corredor próximo ao necrotério, que tem capacidade para 25 cadáveres, sendo dez deles de vítimas do novo coronavírus.
Até as cidades com menor número de habitantes têm registrado casos confirmados de Covid-19, como Itaguaí (50), Paracambi (36), Guapimirim (13) e Seropédica (12) – sendo esta última a única que não registrou óbitos na Baixada Fluminense.
Apesar do crescimento do número de casos e óbitos na região, diversos relatos de aglomerações ainda circulam nas redes sociais. Desde ruas cheias até festas fechadas fazem parte das denúncias, que podem ser feitas utilizando telefones específicos em cada cidade. Os municípios têm fiscalizado as regiões de maior concentração de comércios, como Duque de Caxias que já começou a aplicar notificações para lojistas que desrespeitam a quarentena.
O início do mês traz novas preocupações sobre o relaxamento do distanciamento social. Em abril, a chegada do quinto dia útil do mês e o pagamento do auxílio emergencial levaram milhares de pessoas para as ruas, formando filas. A instrução da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que as pessoas mantenham a distância de um metro e meio: “além de todas as medidas de bloqueio, [é necessário] implementar uma estratégia abrangente com base em vigilância, assistência pública pública, detecção de casos, testes, isolamento, quarentena e fortalecer nossos sistemas de saúde para absorver o golpe” explicou o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan.
Outro fator de preocupação na Baixada Fluminense é a subnotificação – um dos principais assuntos levantados no último domingo (03/05) pelo virologista Átila Iamarino. Há quase um mês atrás, o próprio Site da Baixada noticiava que o número de casos confirmados e de óbitos por Covid-19 na Baixada Fluminense pode ser muito maior que o divulgado.
O aumento considerável de internações por crise respiratória tem chamado a atenção de pesquisadores, como os da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que calcula um número de 7,7 para cada caso conhecido, com base no excesso de pessoas com síndrome respiratória a mais no sistema de saúde.
Porque é importante ficar em casa
De acordo com a OMS, é possível estar com a COVID-19 por até 14 dias antes de apresentar os sintomas, que são febre, cansaço e tosse seca. A maioria das pessoas (cerca de 80%) se recupera da doença sem a necessidade de tratamentos especiais. Apesar da grande quantidade de pessoas sem os sintomas mais graves, o Ministério da Saúde sinaliza que a transmissão acontece de uma pessoa doente para outra ou por contato próximo por meio de toque, saliva, espirro, tosse e até objetos ou superfícies contaminadas, como celulares, mesas, maçanetas, brinquedos, teclados de computador e outros.
Uma pessoa assintomática pode transmitir o coronavirus para outras pessoas que podem estar em grupos de risco ou ainda que, mesmo saudáveis, podem ter problemas respiratórios e não resistir ao tratamento. É o caso do primeiro registro de óbito em São João de Meriti: um homem de 44 anos de idade que não tinha nenhuma patologia, mas passou mal no dia 31 de março e faleceu no dia 03.
Cientistas do Colégio Imperial de Londres estimaram que a taxa de transmissão do novo coronavírus entre humanos é de duas a três pessoas para cada paciente infectado. “Em média, cada caso infectou 2,6 (faixa de incerteza: 1,5-3,5) pessoas até 18 de janeiro de 2020”, diz o documento. “[o cálculo é] com base em uma análise que combina estimativas anteriores do surto em Wuhan, com a modelagem computacional do potencial de trajetória de epidemias”.
Para reduzir a possibilidade de transmissão da Covid-19, governos ao redor do planeta têm implementado políticas de restrição de circulação de pessoas, incluindo o fechamento do comércio, escolas e atividades consideradas não essenciais para o funcionamento das cidades – como a coleta de lixo, farmácias, petshops, revendas de gás, imprensa, indústria alimentícia e outras áreas.
* Foto de abertura da matéria: Şebnem Coşkun/Anadolu Agency