Saiba detalhes sobre as principais variantes da Covid-19 que estão circulando no Brasil e no mundo

O Dr. Luiz Werber-Bandeira, docente do IDOMED e Chefe de Serviço de Imunologia da Santa Casa do Rio, esclarece porque a variante Delta preocupa todos os países

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Saiba detalhes sobre as principais variantes da Covid-19 que estão circulando no Brasil e no mundo

Fotografia: Divulgação

Segundo informações da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), a probabilidade de um vírus sofrer mutação aumenta quando ele está circulando, amplamente, em uma população, causando assim diversas infecções. Quanto mais um vírus se espalha, mais ele tende a se replicar, trazendo mais probabilidades de sofrer mudanças: as chamadas mutações.

Grande parte destas mudanças virais têm pouco ou quase nenhum impacto na capacidade do vírus de trazer infecções e doenças. Contudo, isso dependerá de onde estas alterações serão localizadas no material genético do vírus. Elas poderão mudar as propriedades de um vírus com relação à transmissão (podendo se espalhar menos ou mais facilmente) e à gravidade (causando mais ou menos doenças graves). Atualmente, as cepas mais preocupantes são a Alfa (originária do Reino Unido); a Beta (da África do Sul); a Gama-P1 (Manaus-Brasil) e a Delta (da Índia).

“A cepa Indiana já é encontrada em mais de 60 países e é uma das que mais preocupam os cientistas e infectologistas do mundo inteiro. A variante Delta possui duas mutações na proteína S, o que facilita a entrada na célula, portanto o vírus desta variante além de mais transmissível é mais infectante. Ela é mais contagiosa-transmissível que a cepa original do SARS-COV-2. Lembrando que a cepa original funciona da seguinte forma: 1 pessoa transmite para 2 outras, já a cepa Delta (indiana) chama a atenção, pois 1 pessoa consegue transmitir para outras 6 pessoas. Por conta disto, todos os brasileiros e também os cidadãos de todo o planeta devem redobrar a atenção, usando máscara, álcool em gel e evitar locais aglomerados. A maior agressividade desta cepa ainda permanece em estudos, porém vale enfatizar que as vacinas são eficazes contra todas as cepas”, comenta Dr. Luiz Werber-Bandeira, docente do IDOMED (Instituto de Educação Médica) e Chefe de Serviço de Imunologia da Santa Casa do Rio.

De acordo com o especialista, 66% dos infectados na cidade do Rio de Janeiro estão com a cepa Indiana e, em todo o Brasil, o percentual pode ser maior pela vigilância genômica ainda deficitária. Para ele, a variante Delta é mais perigosa, pois age de forma silenciosa.

“A pessoa infectada pode apresentar sintomas leves, mas pode passar despercebida e transmitida sem que o receptor saiba que está infectado, contaminando familiares e amigos, de maneira involuntária”, opina o Dr. Luiz Werber-Bandeira.

Na visão do especialista, as vacinas protegem de hospitalização, casos graves e morte. Enquanto a máscara protege contra à transmissão para nosso interlocutor, quer seja em casa, no trabalho ou em qualquer outro ambiente. A maioria dos indivíduos que foram vacinados duas vezes com a vacina mRNA (Pfizer) mantém, comprovadamente, anticorpos e funcionais contra à proteína S por 6 meses e contra o coronavírus beta-COVID-19.

A infecção e mutação Delta do vírus está diretamente associada ao percentual ainda não suficiente de pessoas vacinadas com duas doses. O que é preocupante. E também, mesmo as pessoas vacinadas que se sentem imunes e que deixam de realizar os cuidados básicos com higiene das mãos e máscaras pode transmitir o vírus delta para outras pessoas não vacinadas.

Há relatos da Fiocruz de que a vacina Astrazeneca induz uma proteção significante contra as variantes do Brasil já na primeira dose. A Fundação mostra 71% de efetividade na primeira dose e 92% na segunda dose, evitando hospitalizações e casos graves. Dados de trabalhos realizados no Canadá demostraram que a Astrazeneca apresenta 88% de efetividade contra a variante Delta, após a primeira dose, diminuindo os casos de hospitalizações e mortes. Já a vacina Coronavac demonstrou pelo Projeto S, em estudo clínico pelo Instituto Butantan, diminuição de 80%, evitando 86% no número de internações e 95% no índice de mortes após a segunda dose.

Para o infectologista, a manutenção de intervalo entre primeira e segunda dose de 12 semanas poderia ser realizado e garantiria um maior número de pessoas vacinadas. A diminuição do intervalo dependerá do número de vacinas disponíveis, assim como a terceira dose ou reforço poderia ser realizada, porém necessitamos que haja número suficiente de vacinas para imunizar, aproximadamente, 80% da população da brasileira e assim partiríamos para uma terceira dose de reforço. Algumas pesquisas relacionam à intercambialidade entre um tipo de vacina com outro tipo com a possibilidade de maior capacidade imunizante.

O fato de ter sido detectado a doença Covid-19 em indivíduos acima de 65 anos já vacinados com as duas doses poderia ser explicado, pelo menor cuidados de proteção individual, pela genética de alguns desses indivíduos ou até mesmo pelo fato de que eles foram os primeiros vacinados e, conjecturando, poderiam estar diminuindo a resistência imunológica à infecção pelo tempo das suas vacinações. Sendo assim, máscara previne a doença. A vacina não quer dizer que não se pode infectar com o vírus, porém pode significar que a possibilidade de doença leve seja muito mais provável, sem evoluir para gravidade e óbito.

O Dr. Luiz Werber-Bandeira reitera que a doença é inversamente proporcional à resistência e diretamente proporcional à força viral e o número de vírus que entramos em contato, portanto mesmo vacinados devemos manter os cuidados de higiene e usar máscara, diminuindo a número de vírus/carga viral que entraremos em contato.

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